sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O JEJUM QUE AGRADA A DEUS



Em tempo de obesidade de mais de 50% da população brasileira, inclusive nas favelas, falar em jejum pode ser uma ideia interessante do ponto de vista daqueles que desejam recuperar a sua forma atlética. Abster-se de alguns alimentos com forte teor nutricional e limitar a ingestão de comida em alguns dias da semana é uma boa medida para manter a própria saúde e, até mesmo, para recuperá-la.

No Evangelho aparecem algumas pessoas questionam a Jesus: Eles disseram-lhe: “Os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam com frequência e fazem orações, mas os teus discípulos comem e bebem”. Jesus, então, lhes disse: “Podeis obrigar os convidados do casamento a jejuar, enquanto o noivo está com eles? Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, naqueles dias, eles jejuarão” (Lc 5,33-35).

Notem que eles questionam por que os discípulos de Jesus não faziam jejum de comida e bebida, enquanto que os de João Batista e dos fariseus faziam-no rigorosamente, por imposição legal. Diante disso, Jesus afirma que os seus discípulos estavam vivendo um tempo novo, isto é, um tempo de núpcias e de festa. Estavam alegrando-se com a presença do esposo, prometido no Antigo Testamento, que era Ele mesmo. Diante disso, como exigir que alguém se abstenha de comer, beber e alegrar-se? Os seus discípulos não estão mais no tempo da tristeza e do jejum de comida e bebida, esperando o esposo. Eles estão com o esposo, portanto no tempo da festa, da comida, da bebida e da alegria permanentes.

Os discípulos de Jesus aceitaram o convite do esposo e já estão desfrutando dos verdadeiros prazeres messiânicos. Eles aceitaram a nova aliança proposta por Jesus, que lhe dá o direito de viver a vida com alegria e festa, sem maiores jejuns alimentares.

Jesus contou-lhes ainda duas parábolas: “Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha; senão vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não combinará com a roupa velha. Ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama; e os odres se perdem. Vinho novo deve ser colocado em odres novos. E ninguém, depois de beber vinho velho, deseja vinho novo; porque diz: o velho é melhor.” (Lc 5,36-39).

Com as duas parábolas: do retalho novo em roupa velha e do vinho novo e odres velhos, Jesus denuncia a prática dos fariseus que costuravam alguns panos novos (jejum e orações) em cima da sua vida velha e viciada no roubo e na hipocrisia. Jesus afirma que estamos em novo tempo. Tempo de roupa nova (vida nova), tempo de barris novos para conter vinho novo da alegria da Nova Aliança com o esposo, que é Ele mesmo.
Com essas parábolas Jesus não apenas denunciava a vida errada que muitos do seu tempo levavam e procuravam maquiar com algumas ações boas. Mais do que isso, Ele estava lançando um forte convite à conversão e mudança de vida. Convidava a todos para a alegria e a festa da Nova Aliança trazida por Ele e não apenas um grupinho de privilegiados.

Queridos irmãos! Essa Palavra de Jesus não era apenas para os contemporâneos de Jesus, mas é para mim e para você, que estamos lendo, meditando e rezando. Ela nos convida a superar a mania de colocar pequenos remendos novos em nossa vida velha, egoísta, gananciosa, mais preocupada em observar se os outros fazem ou não jejum, se rezam etc. etc. Ela nos convida a sermos pessoas novas, odres novos, para receber o vinho novo da alegria verdadeira trazido por Jesus.

Eu não posso mais continuar a fazer jejuns de alguma comida e de alguma bebida em alguns momentos e continuar embriagando-me com o vinho do egoísmo, da preguiça, da inveja, do julgamento, da condenação, do prazer egoísta, da mentira e da vaidade. Agrada a Deus que eu seja uma pessoa nova para acolher a Nova Aliança trazida pelo seu Filho Jesus. Agrada a Deus que eu viva constantemente a alegria da Nova Aliança com o meu Esposo Jesus, que deseja estar sempre comigo. Agrada a Deus que me abstenha dos meus interesses humanos e egoístas e me torne administrador dos mistérios do amor de Deus, conforme nos orienta S. Paulo na carta aos coríntios (Cor 4,1).

O coração do marido se alegra quando a esposa faz jejum de toda a fofoca, de toda a inveja, de todo o ressentimento, do comodismo e da preguiça e se torna zelosa e cuidadora da Igreja Doméstica, isto é, da família. O coração de Jesus se alegra quando eu e você, meu querido irmão (ã) nos revestimos da beleza do nosso esposo Jesus e como odres novos carregamos o vinho da alegria, trazido por Ele, para que a nossa vida seja um convite à alegria permanente, que se plenificará no banquete do Paraíso.


Dentro desse novo jeito de viver cabe também o jejum de comida e bebida não apenas por vaidade pessoal ou por imposição legal, mas por solidariedade amorosa com os meus irmãos e irmãs que possuem bem menos do que eu. Cabe inclusive o jejum como manifestação do zelo que tenho para com a Igreja de Jesus, que é o meu corpo, para carregar o Vinho da Alegria com mais entusiasmo até os meus irmãos e irmãs, começando em minha casa. 




Pe. Arlindo Toneta -  Pároco 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR

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