Estamos
num tempo em que temos medo de interferir na vida do outro e da outra para
proceder algumas correções. Temos o caso da professora que chamou a atenção do
aluno na busca de orientá-lo para que tivesse atitudes mais respeitosas na sala
de aula. O resultado foi que o aluno a esfaqueou pelas costas enquanto estava
escrevendo no quadro negro. O próprio governo interfere na família legislando
que os pais não podem dar uma palmadinha para corrigir o filho. Será que é
competência do governo ou da família legislar sobre isso? Os nossos presídios
são ambientes de formação de bandidos e revoltados mais do que espaços de
correção para a integração na sociedade. Além do mais o preso é remunerado,
quase que fomentando o delito. Entendemos que essas coisas todas dificultam a
correção em vez de favorecê-la.
Por
outro lado, a Bíblia, que é a carta magna dos cristãos, nos orienta e incentiva
para a responsabilidade e a corresponsabilidade para com a vida do nosso irmão
e da nossa irmã. Essa responsabilidade implica na correção do outro quando
observamos que ele anda nos caminhos da mentira e do erro. O profeta Ezequiel
afirma que Deus vai pedir contas a nós do irmão que vimos errando e não o
ajudamos na correção e mudança de vida (cf Ez33-7-9). No início da Bíblia o
próprio Deus pede a Cain contas do seu irmão Abel, pois Ele nos criou um para
cuidar do outro (cf. Gn 4,1-16).
Talvez
importe pensar um pouco na forma como cuidamos e corrigimos. A experiência nos
mostrou muitas loucuras nesses aspectos da vida. Vimos pais machucando os
filhos com agressões, maridos batendo em esposas e vice-versa, casais
esbravejando um com o outro em público, educadores gritando com educandos, etc.
Tudo isso, podem ser atitudes com boas intenções, mas que não são boas atitudes
na correção. Mais do que corrigir agravam a situação gerando revolta e desejo
de vingança. Não é suficiente ter boas intenções e necessário ter atitude que
favoreçam a correção fraterna e o crescimento para a liberdade responsável.
Normalmente
uma criança ou um jovem quando é agredido ele pode pensar que os adultos
agridem e batem porque são grandes e não porque amam. Com essas experiências
pode cultivar a ideia que quando crescer ele também poderá bater nos mais
fracos como fizeram com ele. Com isso, se cultiva um circulo vicioso agressivo,
fomentador das pequenas e grandes guerras, muito pouco corretivo.
O
Evangelho de Mateus ( Mt 18,15-17) apresenta dicas preciosas na pedagogia da correção. Afirma que se alguém
comete algum pecado contra nós devemos corrigi-lo inicialmente a sós.
Aproveitar quando a pessoa está sozinha e jamais corrigi-la em público ou no
meio do seu grupo de amigos. Além disso, importa muito também o momento e a
forma de abordagem da pessoa errada. Normalmente não podemos tentar corrigir
alguém no olho do furacão, isto é, quando as tensões estão à flor da pele. É
sábio esperar o momento da calma e da serenidade. A forma de abordagem também
pode ajudar, ou seja, não julgar, mas ajudar a pessoa a dar-se conta da sua
falha à luz do amor. Procedendo assim, certamente os resultados da correção
fraterna serão muito melhores.
Claro
que há casos em que as pessoas erradas não admitem que estão no erro e se
recusam a mudar de atitude. Diante disso, há o recurso da ajuda de mais pessoas
cheias de autoridade, isto é, de amor, de serviço e bom comportamento que podem
auxiliar no resgate daqueles que se obstinam no erro e no pecado. A força da
comunidade é muito grande na recuperação da ovelha perdida.
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