sexta-feira, 12 de setembro de 2014

QUEBRAR O CIRCULO VICIOSO



A tendência humana é fazer bem aos que nos fazem bem e fazer mal aos que nos prejudicam. Quando alguém começa falar mal de nós, geralmente descobrimos os seus defeitos e começamos falar mal dele também. Diante de alguém que nos agride e prejudica, impulsivamente tendemos a devolver-lhe o troco, buscando formas de prejudicá-lo e agredi-lo também. Em suma, diante dos maus nos tornamos maus também.

Com esse jeito de reagir ao mal, nós estamos alimentando o círculo vicioso da maldade e da guerra que vitima milhões e milhões de seres humanos. Para certificar-nos disso, basta que estudemos um pouco da história da humanidade e logo veremos rios de sangue correndo pelos vales e montanhas do nosso planeta.

Cansado desse banho de sangue sobre a terra, Deus enviou o seu Filho Jesus para ensinar-nos um novo jeito de reagir ao mal. Um jeito que quebra as pernas à maldade e a condena ao ostracismo. Ele nos ensina esse novo jeito dizendo: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam e rezai por aqueles que vos caluniam. Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa levar também a túnica. Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva” (Lc 6, 27-30).

Através desse ensinamento cristão podemos avaliar o quanto nós somos cristãos ou ainda reagimos como pagãos. Certamente que o impulso humano permanece em nós e instintivamente reagimos querendo o mal dos maus e o bem dos bons, mas Jesus está convidando a todos nós evangelizarmos os nossos impulsos primários a fim de assumirmos a nossa identidade cristã. Identidade esta que nos leva à firme decisão de fazer bem a todos como o nosso Pai, que está no Céu.

Por que fazer o bem a todos, se eles não merecem? Fazer o bem a todos em primeiro lugar porque somos filhos de Deus e herdeiros do Céu. Fazer o bem porque o bem que penso, quero e faço, me faz bom e revela que sou filho do Bom, isto é, de Deus e não do mal. Fazer o bem aos que fazem mal porque eles ainda são carnais e não descobriram o quanto é bom ser bom e fazer o bem. Fazer o bem porque diante da luz do bem, poderão tomar consciência da sua maldade e feiura e serem atraídos para a beleza da bondade.

Por que rezar por aqueles que nos caluniam? Porque com isso, mostramos ao mundo que somos filhos de Deus e não filhos da fofoca e da maldade. Ao rezarmos por aqueles que nos caluniam estamos curando o nosso coração que pode estar machucado por conta da calúnia e da fofoca. Mais uma vez gritaremos alto que somos filhos de Deus que procura fazer bem a todos e não apenas aos bons. Se levarmos em conta a força transformadora da oração fervorosa certamente nos empenharemos para rezar por aqueles que mais necessitam, isto é, para os pecadores.

Por que oferecer a túnica àquele que nos tira o manto? Para revelar ao mundo que o nosso bem verdadeiro ninguém tira. O cristão que tem identidade forte é aquele que vendeu todos os bens deste mundo para ficar com o Tesouro, que é Deus. Usa de todos os bens, mas está desapegado e livre para seguir os passos do seu bem maior. Diante dessa descoberta S. Francisco foi capaz de deixar o único manto nas mãos do pai avarento e partir pelado com o Bem maior, isto é, com Deus.


Queridos irmãos e irmãs, eis um conjunto de atitudes fortes de Jesus e dos seus seguidores que rompem o círculo vicioso da violência e revelam a identidade dos verdadeiros cristãos. 





Pe. Arlindo Toneta -  Pároco 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR

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