Quem não sonha em ser feliz?
Imaginemos alguém que queira deliberadamente ser infeliz. Só pode ser portador
de algum distúrbio mental e psíquico que requer tratamento imediato.
Normalmente, todo o ser vivo tende à felicidade. Particularmente, o ser humano
corre desesperadamente para isso. Muitos percorrem qualquer caminho que aponte para
isso, mesmo que falso e perigoso. Os usuários de drogas correm riscos enormes
buscando ser felizes, pelo menos por alguns momentos. Os viciados em
genitalidade correm para multiplicar as suas relações entendendo que assim
aumentarão os momentos felizes, mesmo através da violência e danos impostos a
terceiros. No meio dessa corrida em
busca da felicidade, quem indicará o mapa da mina?
No evangelho de João, particularmente
no episódio do lava-pés, Jesus indica aos seus seguidores o verdadeiro caminho
da felicidade. Levando em conta que nos dias anteriores ao ensinamento eles
haviam discutido quem seria o maior no seu reino, numa eventual substituição do
domínio romano, sonhada pelos seus discípulos, Jesus lhes mostra o caminho da
felicidade com seu testemunho. Ele que é Mestre se põe a lavar os pés de cada
um deles. Lava os pés de todos sem discriminar os traidores. Revela que além de
ser o papel dos escravos fazer isso, por imposição, é, para os seus seguidores,
o único caminho da felicidade.
Ele afirmou que havia dado o exemplo,
como Mestre e Senhor, e que, portanto, não importa mais a posição que ocupemos
na sociedade, na família, ou na Igreja. Importa sim que compreendamos a lição. Se
quisermos ser verdadeiramente felizes é fundamental que busquemos ser
servidores dos demais irmãos. Não é suficiente conhecer a vontade de Deus,
todas as teologias e espiritualidades. Sem o exercício caritativo de lavar os
pés, dos amigos e inimigos, não seremos cristãos felizes.
Queridos irmãos e irmãs! Jesus
não fica arrumando desculpas para a nossa infelicidade, como nós fazemos. Um
afirma: “Eu sou um azarado”; outro diz: “Sou infeliz por causa dos outros”.
Jesus vai direto ao ponto: “Se sabeis isto, e o puserdes em prática, sereis
felizes” (Jo 13,17). Toda a formação e catequese nos ensinou que a vida é para
servir, mas nós arrumamos desculpas e enrolamos e, por isso mesmo, muitos
casados, líderes, religiosos, políticos, padres, bispos são frustrados.
Infelizes porque não vivem para servir, mas vivem para servir-se dos demais.
Todos, sem exceções, que
escolhem seguir à risca o caminho apontado por Jesus, mesmo que encontrem, por
vezes, tremendas dificuldades, jamais sucumbem na frustração e infelicidade. Eles
dão a volta por cima. Ressuscitam a cada dia para amar e servir a todos, apesar
de nem sempre serem elogiados e compreendidos. Por onde passam resplandece a
alegria do evangelho nas suas palavras e obras.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR