Eu
já estive trabalhando no Instituto Padre Chico em São Paulo e pude sentir de
perto o drama dos cegos. A falta dos olhos que fotografam a realidade e de
alguma forma dirigem os passos da pessoa; não é um obstáculo pequeno para a
pessoa humana. Porém, com a invenção do método braile e de outros recursos
técnicos os cegos conseguem ter uma vida razoavelmente integrada na comunidade,
desempenhando diversos tipos de atividades.
O
episódio de Mt 9,27-31 apresenta dois cegos procurando seguir Jesus e suplicando
a sua misericórdia. Ao entrar em casa os dois aproximaram-se de Jesus. Jesus
perguntou aos mesmos se acreditavam que ele podia curá-los. Eles respondem
afirmativamente. Diante disso, ele tocou nos seus olhos e disse: “Faça-se conforme
a vossa fé”. E os olhos deles se abriram. Sim, os seus olhos se abriram e
puderam contemplar as maravilhas de Deus. Eu não creio que Jesus veio para nos
curar da cegueira física. Deus deu inteligência aos médicos e outros técnicos
para encontrarem soluções para contornar essa limitação humana, que algumas
pessoas carregam. Se aconteceu alguma
cura física ela é apenas sinal de uma cura mais profunda. Ela é sinal dos olhos
da fé que se abriram com firmeza para Jesus.
Quantas
pessoas que se desligaram de Deus e por conta disso estão mergulhadas na
escuridão! Elas estão cegas para Deus e para o amor aos irmãos. Elas estão
envoltas nas trevas do erro, da maldade, do egoísmo, que as torna profundamente
infelizes. Quantos homens e mulheres que um dia experimentaram a luz de Deus,
mas hoje andam nas trevas do erro e do pecado!
Neste
tempo de Advento parece que alguns cegos sentem saudades da luz de Deus. Alguns
procuram seguir novamente os passos de Jesus. Aqueles que efetivamente se
aproximam de Jesus com fé podem ser curados de suas cegueiras e voltar a
enxergar bem. Basicamente não depende de Jesus, mas depende da boa vontade dos
cegos que procuram aproximar-se e abrir-se para Deus.
Uma
vez próximos de Deus, alguns permitem que Jesus os toque no seu modo de ver.
Quando tangidos por ele, isto é, pelo Amor de Deus, as escamas dos olhos, que
os impedia de ver o bem que deviam fazer, podem cair. Curados das cegueiras
eles passam a ver o Caminho que é Jesus e podem seguir os seus passos.
Em
suma, as pessoas próximas de Deus, tocadas por Jesus, recriadas pelo seu amor, podem
seguir o Caminho, que é Jesus, agindo como iluminados e não mais como homens e
mulheres das trevas, que agem na calada da noite para não serem vistos.
Quantos
católicos que ainda hoje vivem um pouco na luz de Deus e outro pouco nas trevas
do pecado, da inveja e do egoísmo. Esse modo de vida torna a pessoa cegueta e morna.
A pessoa resulta como café morno, que ninguém aprecia. Ela não é quente
e nem fria. Ela é meia boca. Aparece como um cristão apático, acomodado, que
vai à missa de vez em quando, que quase não faz caridade, que não paga dizimo,
que não sente compaixão daqueles que estão doentes e dos que passam fome. É
triste falar, mas a nossa Igreja está cheia de pessoas mornas.
A
boa notícia é que estamos num tempo favorável para sair dessa apatia eclesial.
Estamos iniciando o Advento. Advento é tempo favorável para suplicar a Jesus que
cure as nossas cegueiras; cegueiras que nos impedem de amar a Deus e aos
irmãos. Peçamos a ele que nos toque novamente, como tocou os dois cegos, e nos
faça criaturas novas. Peçamos que expulse todos os tipos de cegueiras que nos
impedem de ver o Caminho, que é Jesus e a sua Palavra, a fim de que possamos
experimentar o Verdadeiro Natal.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
Pe. Arlindo Toneta - MI
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