sexta-feira, 5 de junho de 2015

A NOVA ALIANÇA

Costumes - Em algumas tribos Africanas há o costume de selar uma aliança quando um grupo deve enfrentar juntos uma situação difícil. Quando, por exemplo, saem para uma caçada que envolve grandes riscos o grupo se encontra num dia marcado e conversa longamente sobre os riscos e promete permanecer sempre unido, aconteça o que for. As pessoas prometem não desertar, não trair e, sobretudo, defender um ao outro e até dar a vida em favor do outro, mantendo-se assim na unidade. Normalmente essas alianças são seladas com algum gesto ou sinal visível.
Esse costume tem raízes bem antigas. Basta que observemos os nossos irmãos israelitas, que são a raiz do cristianismo. Normalmente usavam o sangue de algum animal oferecido em sacrifício. Duas pessoas que queriam fazer um juramento de fidelidade tocavam com as mãos o sangue das vítimas e, desse modo, tornavam-se irmãos, em cujas veias, corria o mesmo sangue (cf. Fernando Armellini in Celebrando a Palavra - Ano B , pg. 215 . Ed. Ave Maria).
Antigo Testamento - A leitura de Ex 24,3-8 está dentro desse contexto cultural. Moisés passa ao povo as condições dessa aliança e o povo está disposto a cumpri-las. O povo aceita os mandamentos do Senhor e está disposto a manter-se unido a Ele. Diante disso Moisés constrói o altar com doze blocos de pedra. O altar representa Deus e as pedras, as doze tribos de Israel. Quando Moisés derrama o sangue das vítimas sobre o altar e as pedras, simboliza a unidade do povo com Deus. Claro que essa aliança foi rompida inúmeras vezes dado a sua fragilidade, pois o selo provinha de fora e não do coração.
Novo Testamento - Diante dessa aliança frágil surge a festa de Corpus Christi, como manifestação pública do apreço e do valor da nova aliança de Deus com o seu povo. Aliança essa, não mais selada com o sangue de cordeiros e bois, ou seja, com o selo externo, mas com o sangue de Jesus, o Filho de Deus. Desse modo, nas veias do povo correrá o sangue de Deus e no sangue de Deus correrá o sangue do povo. Portanto, uma aliança de verdade e de vida para todos os que a acolherem.
Vemos Jesus, o Filho querido de Deus, ensinando os seus as exigências da nova aliança durante três anos. Uma vez que estavam dispostos a viver essa aliança nova os vemos celebrando a última ceia (Mc 14,12-26), na qual, Jesus deu o seu corpo e o seu sangue, por antecipação ao calvário, a fim de selar essa nova e eterna aliança. Os discípulos alimentaram-se de um Deus que assumiu a carne e o sangue humanos. Naquela ceia derradeira foi selada a Nova e Eterna aliança onde Deus se dá inteiramente aos homens e os homens alimentam-se de Deus. Nessa unidade divina e humana surge a nova família de Deus. Surge a Igreja, cuja cabeça é Cristo e os seus seguidores os membros vivos de Cristo.
Pastoralmente - Quem se alimenta dignamente desse pão do Céu vai crescendo sempre mais em Deus. Poderá chegar à santidade Paulina e assim poder dizer: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”. Poderá ter os mesmos sentimentos do Filho de Deus, como afirma um autor italiano chamado Cencini. Poderá, acima de tudo, reproduzir as ações de Jesus de Nazaré aqui e agora. 
Os que se alimentam indignamente podem comer a própria condenação. Não por causa do Alimento Eucarístico, mas por conta da sua dureza de coração que não permitem ao Amor Divino circular nas suas veias. Comem a Jesus para trai-lo logo a seguir, como fez Judas Iscariotes. Não são fieis à aliança que aparentemente estão celebrando na comunidade. Traem Jesus e a sua comunidade.

Oração - Peçamos queridos irmãos e irmãs, a graça de poder selar uma aliança verdadeira com Jesus. Que o Seu corpo e o Seu sangue que recebemos na Eucaristia sejam alimento, que nos une à sua comunidade eclesial!  Que cada um de nós possa sentir-se comprometido com os demais membros da comunidade! Que jamais cedamos à tentação de abandonar a comunidade diante das criticas e dificuldades que surgem! Que não abandonemos os irmãos e as irmãs que estão correndo perigos de vida! Que incorporemos os mesmos sentimentos, pensamentos e atitudes de Jesus e, assim, sejamos capazes de dar a vida uns aos outros, à maneira de Jesus!





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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