Costumes
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Em algumas tribos Africanas há o costume de selar uma aliança quando um grupo
deve enfrentar juntos uma situação difícil. Quando, por exemplo, saem para uma
caçada que envolve grandes riscos o grupo se encontra num dia marcado e conversa longamente sobre os riscos e promete permanecer sempre unido, aconteça o que
for. As pessoas prometem não desertar, não trair e, sobretudo, defender um ao outro e até
dar a vida em favor do outro, mantendo-se assim na unidade. Normalmente essas
alianças são seladas com algum gesto ou sinal visível.
Esse costume tem raízes bem
antigas. Basta que observemos os nossos irmãos israelitas, que são a raiz do
cristianismo. Normalmente usavam o sangue de algum animal oferecido em
sacrifício. Duas pessoas que queriam fazer um juramento de fidelidade tocavam
com as mãos o sangue das vítimas e, desse modo, tornavam-se irmãos, em cujas
veias, corria o mesmo sangue (cf. Fernando Armellini in Celebrando a Palavra - Ano B , pg. 215 . Ed. Ave Maria).
Antigo
Testamento - A leitura de Ex 24,3-8 está dentro desse contexto
cultural. Moisés passa ao povo as condições dessa aliança e o povo está
disposto a cumpri-las. O povo aceita os mandamentos do Senhor e está disposto a
manter-se unido a Ele. Diante disso Moisés constrói o altar com doze blocos de
pedra. O altar representa Deus e as pedras, as doze tribos de Israel. Quando
Moisés derrama o sangue das vítimas sobre o altar e as pedras, simboliza a
unidade do povo com Deus. Claro que essa aliança foi rompida inúmeras vezes dado
a sua fragilidade, pois o selo provinha de fora e não do coração.
Novo
Testamento - Diante dessa aliança frágil surge a festa de Corpus Christi, como manifestação
pública do apreço e do valor da nova aliança de Deus com o seu povo. Aliança
essa, não mais selada com o sangue de cordeiros e bois, ou seja, com o selo
externo, mas com o sangue de Jesus, o Filho de Deus. Desse modo, nas veias do povo correrá
o sangue de Deus e no sangue de Deus correrá o sangue do povo. Portanto, uma
aliança de verdade e de vida para todos os que a acolherem.
Vemos Jesus, o Filho querido
de Deus, ensinando os seus as exigências da nova aliança durante três anos. Uma
vez que estavam dispostos a viver essa aliança nova os vemos celebrando a
última ceia (Mc 14,12-26), na qual, Jesus deu o seu corpo e o seu sangue, por
antecipação ao calvário, a fim de selar essa nova e eterna aliança. Os
discípulos alimentaram-se de um Deus que assumiu a carne e o sangue humanos.
Naquela ceia derradeira foi selada a Nova e Eterna aliança onde Deus se dá inteiramente
aos homens e os homens alimentam-se de Deus. Nessa unidade divina e humana
surge a nova família de Deus. Surge a Igreja, cuja cabeça é Cristo e os seus
seguidores os membros vivos de Cristo.
Pastoralmente
-
Quem se alimenta dignamente desse pão do Céu vai crescendo sempre mais em Deus.
Poderá chegar à santidade Paulina e assim poder dizer: “Já não sou eu que vivo,
mas é Cristo que vive em mim”. Poderá ter os mesmos sentimentos do Filho de
Deus, como afirma um autor italiano chamado Cencini. Poderá, acima de tudo,
reproduzir as ações de Jesus de Nazaré aqui e agora.
Os que se alimentam
indignamente podem comer a própria condenação. Não por causa do Alimento
Eucarístico, mas por conta da sua dureza de coração que não permitem ao Amor
Divino circular nas suas veias. Comem a Jesus para trai-lo logo a seguir, como
fez Judas Iscariotes. Não são fieis à aliança que aparentemente estão
celebrando na comunidade. Traem Jesus e a sua comunidade.
Oração - Peçamos
queridos irmãos e irmãs, a graça de poder selar uma aliança verdadeira com
Jesus. Que o Seu corpo e o Seu sangue que recebemos na Eucaristia sejam
alimento, que nos une à sua comunidade eclesial! Que cada um de nós possa sentir-se
comprometido com os demais membros da comunidade! Que jamais cedamos à tentação
de abandonar a comunidade diante das criticas e dificuldades que surgem! Que
não abandonemos os irmãos e as irmãs que estão correndo perigos de vida! Que
incorporemos os mesmos sentimentos, pensamentos e atitudes de Jesus e, assim,
sejamos capazes de dar a vida uns aos outros, à maneira de Jesus!
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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