
Nesse contexto surge o
Evangelho de Marcos (5,38-42), ou seja, na contramão da historia cultural.
Recomenda superar o costume milenar de olho
por olho e dente por dente. Aliás, esse jeito já foi um avanço, pois antes
disso era muito comum o indivíduo que se sentia lesado, lesar o adversário
muito mais do que tinha sido prejudicado. Há dois mil anos, Jesus estava
ensinando uma nova atitude diante dos adversários. Não enfrentá-los com as
mesmas armas. Quem com ferro fere com ferro será ferido, diz o provérbio
popular. Jesus está dizendo que os modos antigos de enfrentamento com as mesmas
armas só trouxeram violência e não resolveram o problema da violência.
Avançando para águas mais
profundas Jesus está dizendo que existe um método muito mais eficaz no combate
contra a violência. Está ensinando a eliminar a raiz da violência e não mais
continuar usando paliativos. Para extirpar a agressão e a violência do coração
humano aponta o caminho do amor aos inimigos. Ensina a oferecer a outra face,
ou seja, a não ser violento com os violentos. A ser manso e humilde diante dos
agressores. A não reagir com as mesmas armas dos violentos. A rezar pelos
inimigos. A fazer bem aos que fazem o mal. Diante dessa nova atitude evangélica
os violentos se perguntarão: “O que faz com que esse indivíduo não reaja à
minha violência”? “Qual a força nova que existe dentro dele que o torna um ser diferente?
”
Nisto surge o Evangelho, ou
seja, a Boa Notícia, para o mundo dos violentos. A nova atitude revela o
Evangelho que está sendo vivido e colocado em prática. Esse fermento novo
possui um grande poder de fermentar a massa. Pena que a maioria dos católicos,
ainda hoje, dá pouco crédito ao Evangelho. Muitos homens e mulheres batizados,
e até sacerdotes, ainda acreditam demasiadamente no poder das armas da
violência. Parece ignorarem o poder maravilhoso do Evangelho, que pode eliminar
de vez a violência e a guerra do nosso meio. Por isso mesmo Jesus pediu e
continua pedindo aos discípulos daquele tempo e aos de hoje para não comprem
qualquer fermento, mas sim o dele, ou seja, da misericórdia, da bondade e da
não violência.
Alegramo-nos profundamente com
os 32 casais que estiveram fazendo o Encontro de Casais com Cristo neste último
fim de semana (12-14/06/15). Pudemos notar que estavam interessados no novo
jeito de se relacionar ensinado por Jesus. Pudemos ver inúmeras lágrimas
rolarem dos seus rostos diante do jeito bondoso e misericordioso de Jesus. Nas
confissões e conversas em particular ouvimos com frequência que de agora em
diante buscarão relacionar-se de um jeito novo, isto é, com o jeito de Jesus.
Peçamos a Deus o Espírito
Santo para que nos leve a entender que a violência só poderá trazer violência.
Mais do que entender, que já é um passo importante, peçamos a vontade firme de não
mais enfrentar os inimigos com as suas armas, mas com as novas armas utilizadas
por Jesus. Armas essas da mansidão e da bondade. Armas de misericórdia e perdão
a todos, especialmente aos inimigos. Armas da disposição firme de carregar as
misérias e fraquezas do outro, a fim de destruí-la no amor e na bondade, para
que todos possam participar do banquete da vida.
Pe. Arlindo Toneta - MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR
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