Um dos grandes problemas da
humanidade, nos dias atuais, é que as mãos das pessoas tendem a se fechar.
Fecham-se ou os braços cruzam-se diante das necessidades dos irmãos e dos
trabalhos que urge realizar em prol da promoção humana. Com essa atitude a
humanidade está sendo empobrecida. O que é pior é que as pessoas que assumem
essa postura acabam com as mãos e os braços secos.
Para Iluminar essa
realidade, vejamos o Evangelho de Marcos (Mc 3,1-6) onde o evangelista narra a
cura do homem de mão seca libertado em dia de sábado. De fato pode ter havido
uma cura física, mas o que o Evangelista quer destacar não é a cura física, que
ocorreu de forma milagrosa. Ele chama a atenção para a dureza dos escribas e
fariseus que colocavam as normas e a lei no centro da comunidade e o homem e a
mulher a serviço dessas regras. Com isso, impediam as pessoas de ocuparem o
centro da comunidade e de poderem servir e ser servidos. Dessa distorção
resultava que o homem ficava de mãos atadas e tendiam a secar.
Jesus veio para apontar um
novo caminho. Um caminho onde o homem e a mulher são chamados para o centro da
comunidade e as normas entram como ferramentas de promoção das pessoas. As
normas e leis não podes mais funcionar como ataduras que impedem de fazer o bem
em dia de sábado ou no domingo, empobrecendo as pessoas e as comunidades.
Jesus se apresenta como o
nosso libertador das amarras que atrofiam as mãos, isto e, a nossa capacidade
de amar e servir. Mesmo assim, depois de dois mil anos muitos líderes religiosos
continuam colocando as normas na frente das pessoas e assim acabam excluindo
irmãos e irmãs das comunidades por
conta das leis.
Na caminhada com Jesus
podemos notar que Ele sempre colocou a pessoa humana no centro de suas
atenções. Passou no mundo fazendo o bem a todos. Amou de modo especial os
pecadores e mais abandonados. No final da sua caminhada deu um novo mandamento
aos seus amigos: “Que vos ameis uns aos outros ... Nisto conhecerão todos que
sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,34-35).
Notem que em momento algum
Jesus coloca a Lei acima das pessoas, mas coloca a pessoa e a Lei do Amor às
pessoas no centro da sua comunidade. Afirmou em outra passagem: “Tu és Pedro e
sobre essa pedra edificarei a minha Igreja”. A comunidade cristã é aquela que
segue os passos do Mestre Jesus. É aquela que coloca as pessoas no centro e as
ama, apesar das suas falhas e limitações.
Jesus indica que o amor é
que abre as portas do paraíso e não mais a observância da lei pela lei. A lei
do amor às pessoas é que devolve a elas a sua verdadeira identidade e
dignidade. Uma vez que a pessoa é colocada no centro da família, das empresas e
das comunidades ela se sente amada e descobre rapidamente a sua vocação. Ela
tende a retribuir, isto é, a descruzar os braços e colocar suas mãos a serviço
dos demais. Com isso, ocorrerá a cura das mãos atrofiadas ou ressequidas.
Uma vez que a pessoa se
sente amada tende a amar também e vai se descobrindo como um grande potencial
de amor. Ressurge cheia de vida, de amor caridade e alegria evangélica. Tenderá
a estar sempre de braços abertos para acolher e amar os seus irmãos. Ao amar e
ser amada a pessoa descobrirá a sua verdadeira identidade. Descobrir-se-á filha
do Deus de Amor, que a todos ama e a chama a fazer o mesmo.
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