sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A FAMILIA À LUZ DA PALAVRA


Modernamente se questiona o núcleo básico que sustentou a Igreja e a Sociedade por milênios. Alguns chegam a dizer que o modelo: Pai, Mãe e filhos, está com os dias contados. Apresentam-se novos núcleos com a pretensão de ser família, mas, no meu modo de ver, não passam de modismos temporários, porque não estão em função dos valores perenes, isto é, da vida humana e divina.
A beleza da mensagem bíblica sobre a família tem a sua raiz na criação do homem e da mulher, ambos criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 24-31; 2, 4b-25). Ligados por um vínculo sacramental indissolúvel, os esposos vivem a beleza do amor, da paternidade, da maternidade e da dignidade suprema de participar deste modo na obra criadora de Deus (Documento preparatório para o Sínodo sobre a Família- 2014).

O livro do Eclesiástico (Eclo 3,3-17) nos apresenta a família constituída de Pai, Mãe e Filhos. Fala de Deus que abençoa os pais nos filhos e recompensa os filhos no cuidado respeitoso dos pais, mesmo quando velhos e doentes. Recompensa-os com vida longa, perdão dos pecados e o respeito dos seus filhos. Reparem que o modelo aponta para a bênção de Deus e para a alegria nos filhos. Não se trata de um núcleo estéril, mas que tem futuro nos filhos e em Deus.
O próprio Deus quis entrar no mundo através de uma família. Quis ser acolhido e educado no seio de uma família tradicional.  Surge a Sagrada Família de Nazaré, constituída de Maria, José e Jesus.  Família essa, cônscia dos seus deveres religiosos. Por isso mesmo, apresenta Jesus para a sua consagração a Deus, conforme o costume judaico (cf Lc 2,22-24). Neste sinal brilha a Luz de Deus sobre o tradicional modelo de família e o seu valor fundamental para a vida social e religiosa.
Surgem igualmente Simeão e Ana, dois idosos, para acolher e testemunhar que a Salvação entrou através da família. Eles que tinham os olhos voltados para Deus, puderam ver o Salvador apresentado pelo casal Maria e José (cf Lc 2,25-30).  Eis a missão, sobretudo dos idosos, de apontar o Salvador para os demais e que o mesmo quer entrar no coração das pessoas através da família.  Portanto, idoso não é alguém desprezível, mas valioso para apontar o nosso futuro.
Na carta de S. Paulo aos Colossenses (Col 3,12-21) podemos contemplar os sete tecidos recomendados por S. Paulo para a confecção de uma boa roupagem para a família, ou seja: a misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência, tolerância e perdão reciproco. Pede para que os pais e os filhos se revistam com essas virtudes. Cabe, sobretudo, aos pais, num processo lento e gradual, ajudarem os filhos a revestir-se dessa maneira e não apenas com os modismos fugazes, que deixam um rastro de vazio, drogadição e tristeza.  
Por conta dessa missão fantástica confiada à família, o Pe. Zezinho, numa das suas canções, pede para que nenhuma família comece em qualquer de repente ou termine por falta de amor, mas que seja constituída a partir dos valores da vida humana e divina, ou seja, com a bênção de Deus e com a graça dos filhos.

Peçamos a graça de que as crianças continuem tendo um berço familiar, que lhe garanta acolhida, cuidado e educação para os valores sociais e religiosos. Sem isso as futuras gerações correm o risco de edificar a casa sobre a areia, conforme ensina a Palavra de Deus em (Mt 7,21-27). Qualquer dificuldade derruba aquela pessoa assim edificada.  Mesmo que alguém questione a sua eficácia, acredito que a instituição familiar tradicional é a que possui as melhores condições de garantir essas bases firmes para as pessoas. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

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