Modernamente
se questiona o núcleo básico que sustentou a Igreja e a Sociedade por milênios.
Alguns chegam a dizer que o modelo: Pai, Mãe e filhos, está com os dias
contados. Apresentam-se novos núcleos com a pretensão de ser família, mas, no
meu modo de ver, não passam de modismos temporários, porque não estão em função
dos valores perenes, isto é, da vida humana e divina.
A beleza da mensagem bíblica sobre a família tem a
sua raiz na criação do homem e da mulher, ambos criados à imagem e semelhança
de Deus (cf. Gn 1, 24-31; 2, 4b-25). Ligados por um vínculo sacramental
indissolúvel, os esposos vivem a beleza do amor, da paternidade, da maternidade
e da dignidade suprema de participar deste modo na obra criadora de Deus
(Documento preparatório para o Sínodo sobre a Família- 2014).
O
livro do Eclesiástico (Eclo 3,3-17) nos apresenta a família constituída de Pai,
Mãe e Filhos. Fala de Deus que abençoa os pais nos filhos e recompensa os
filhos no cuidado respeitoso dos pais, mesmo quando velhos e doentes. Recompensa-os
com vida longa, perdão dos pecados e o respeito dos seus filhos. Reparem que o
modelo aponta para a bênção de Deus e para a alegria nos filhos. Não se trata
de um núcleo estéril, mas que tem futuro nos filhos e em Deus.
O
próprio Deus quis entrar no mundo através de uma família. Quis ser acolhido e
educado no seio de uma família tradicional. Surge a Sagrada Família de Nazaré, constituída
de Maria, José e Jesus. Família essa, cônscia
dos seus deveres religiosos. Por isso mesmo, apresenta Jesus para a sua
consagração a Deus, conforme o costume judaico (cf Lc 2,22-24). Neste sinal
brilha a Luz de Deus sobre o tradicional modelo de família e o seu valor
fundamental para a vida social e religiosa.
Surgem
igualmente Simeão e Ana, dois idosos, para acolher e testemunhar que a Salvação
entrou através da família. Eles que tinham os olhos voltados para Deus, puderam
ver o Salvador apresentado pelo casal Maria e José (cf Lc 2,25-30). Eis a missão, sobretudo dos idosos, de apontar
o Salvador para os demais e que o mesmo quer entrar no coração das pessoas
através da família. Portanto, idoso não
é alguém desprezível, mas valioso para apontar o nosso futuro.
Na
carta de S. Paulo aos Colossenses (Col 3,12-21) podemos contemplar os sete
tecidos recomendados por S. Paulo para a confecção de uma boa roupagem para a
família, ou seja: a misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência,
tolerância e perdão reciproco. Pede para que os pais e os filhos se revistam
com essas virtudes. Cabe, sobretudo, aos pais, num processo lento e gradual, ajudarem
os filhos a revestir-se dessa maneira e não apenas com os modismos fugazes, que
deixam um rastro de vazio, drogadição e tristeza.
Por
conta dessa missão fantástica confiada à família, o Pe. Zezinho, numa das suas
canções, pede para que nenhuma família comece em qualquer de repente ou termine
por falta de amor, mas que seja constituída a partir dos valores da vida humana
e divina, ou seja, com a bênção de Deus e com a graça dos filhos.
Peçamos
a graça de que as crianças continuem tendo um berço familiar, que lhe garanta
acolhida, cuidado e educação para os valores sociais e religiosos. Sem isso as
futuras gerações correm o risco de edificar a casa sobre a areia, conforme
ensina a Palavra de Deus em (Mt 7,21-27). Qualquer dificuldade derruba aquela
pessoa assim edificada. Mesmo que alguém
questione a sua eficácia, acredito que a instituição familiar tradicional é a
que possui as melhores condições de garantir essas bases firmes para as
pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário