quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

DEUS REVELA O SEU ROSTO

De forma surpreendente e inesperada Deus retirou o véu do seu rosto para que os seus filhos e suas filhas pudessem contemplá-lo. Claro que havia essa expectativa em todos os povos. Tanto é verdade que representantes dos três continentes conhecidos na época se puseram a caminho da Luz, uma vez que ela apareceu no céu.  Nos choca profundamente que grande parte do povo hebreu, povo eleito, raça escolhida para ser raiz do Salvador, não o tenha reconhecido.  Ainda hoje, muitos judeus e não judeus insistem em não reconhecê-lo.
Por que não o reconheceram e não o reconhecem apesar da sua manifestação? Apresento seis aspectos do rosto de Jesus que os homens de boa vontade o visualizam e o acolhem e os de má vontade não o acolhem e preferem um deus diverso:
1. Inicialmente, havia uma forte expectativa da parte deles, mas esperavam que viesse de forma extraordinária, com som de trombetas, com sinais fortes no céu e na terra. Porém, não foi essa a forma como Deus escolheu mostrar a sua face. Deus escolheu assumir a face do ser humano e acampar no meio de nós pela via natural da família. Parece que essa é ainda hoje a maior dificuldade de algumas pessoas para reconhecer e acolher a Deus. Gostam de colocar Deus longe do natural e humano. Falam de comunhão com Deus, mas o querem distante da sua vida e dos seus negócios. Preferem um deus que atenda os seus gostos e caprichos.  Na verdade, Jesus mostra um Deus próximo, que assume o humano, que caminha com o humano, que revoluciona os comportamentos egoístas para que surja um novo céu e uma nova terra. Quem quer esse Deus?
2. Deus revelou o seu rosto como servidor da comunidade e não como um Deus distante e enclausurado em palácios para ser servido como imaginava o nosso primeiro papa da Igreja, isto é, São Pedro. Por isso, diante de Herodes e pessoas que se servem da comunidade e dos demais irmãos, ele surge como um rei perigoso, que precisa ser eliminado, antes que cresça. Tanto é verdade, que Herodes manda matar todas as crianças de Belém com o intuito de eliminar o novo Rei Servidor. Por conta disso, muitos judeus e não judeus não reconhecem a face do nosso Redentor. Preferem um deus poltrão, que se faz servir, porque sonham em serem servidos.
3. Jesus de Nazaré revela a face misericordiosa do nosso Pai do Céu. Ao contrário de um Deus justiceiro, que exterminaria todos os pecadores e pagãos, conforme pensavam muitos judeus, Jesus mostrou um Pai cheio de ternura que abraça os pecadores, as crianças, os pobres, os doentes para recriá-los no seu infinito amor. Muitos judeus no tempo de Jesus e muitos homens e mulheres de hoje não aceitam esse Deus. Preferem um deus à sua imagem e semelhança, isto é, elitista, que julga, que exclui e condena.
4. A Luz de Deus brilha em Jesus mostrando para os judeus e para os pagãos um Pai que partilha com seus filhos e filhas. Ele partilha tudo. Ele não guarda nada para si. O que possui tem a alegria de partilhar com todos.  Ensina que os cinco pães e dois peixes que possuímos é para por em comum e assim o milagre a fome zero acontecerá na dimensão material e espiritual.  Por isso mesmo, Jesus ensinou a todos os homens e mulheres de boa vontade a viverem o Pai Nosso e não somente a rezá-lo, como oração formal. Muitos egoístas preferem o deus da prosperidade e do acumular, que abençoa os que acumulam e empobrece os pecadores, como pensavam muitos judeus.
5. Jesus revela o rosto do Pai, que pode ser contemplado e servido em cada irmão e cada irmã. Ele ensina que o seu corpo e o templo de Deus o das pessoas também. São Camilo reconheceu essa verdade e serviu a cada doente contemplando o rosto do seu Salvador. Tanto é verdade, que chegou a confessar a seus pecados aos doentes, ciente que Jesus estava presente naqueles maltrapilhos.  Muitos batizados são cegos para essa revelação de Deus. Tratam os demais com desprezo e desdém porque os seus olhos ainda estão com as escamas de S. Paulo, antes do Batismo dado por Ananias.
6. Finalmente Jesus se apresenta como pão vivo que desceu do Céu. Na última ceia Jesus tomou o pão e o vinho, base da nutrição judaica, e os consagrou no seu corpo e no seu sangue, para dizer a todos nós que precisamos de comida e bebida material para nutrir o nosso corpo, mas igualmente, necessitamos do pão e do vinho do Céu, que é Ele mesmo, para desabrochar como filhos e filhas de Deus. Sem o pão material o nosso corpo enfraquece e adoece.   Sem o pão do Céu homens e mulheres são doentes espirituais, cheios de egoísmo, que empobrecem muito a comunidade.

Que o Espírito Santo nos dê a graça de reconhecer os traços de Deus na beleza das criaturas todas! Que ele queime as escamas dos nossos olhos para que possamos contemplar a face de Deus em cada ser humano, sobretudo nos mais carentes e necessitados! Que o nosso coração se encha de boa vontade e se abra para acolhê-lo, como, de fato, se revelou em Jesus de Nazaré!




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

Nenhum comentário:

Postar um comentário