quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

COM A MESMA MEDIDA

A realidade política do País nos apresenta um cenário onde se usa medidas diferentes. Vejamos apenas um exemplo.  Para alguns, aumento de salário mesmo que a sua produção seja zero, para outros, arroxo salarial e aumento de tributos a ponto de colocar as empresas no sucateamento e até no risco de fecharem. Nas famílias vemos o mesmo comportamento quando se é indulgente com um filho e rigoroso com os demais.
Diante disso, apresentamos o Evangelho de (Mc 4,24) que diz que com a medida com que medimos seremos medidos também. Não diz, porém, quando seremos medidos. Fica a pergunta: será que seremos medidos aqui na terra ou apenas diante de Deus, quando morrermos?
O quotidiano nos ensina que com a medida que medimos as pessoas, aqui e agora, as mesmas tenderão a fazer o mesmo conosco. Se formos rigorosos com os demais estamos dando a eles a medida com que irão nos medir também. Se formos misericordiosos estamos igualmente dando o parâmetro para fazerem o mesmo conosco. Se formos bons com alguns e severos com outros estamos colocando em suas mãos as diferentes medidas para nos avaliarem. Portanto, para uma pessoa inteligente não há necessidade de maiores esclarecimentos. Fica claro que cada um é responsável pelo modo como é e será avaliado perante a comunidade.
Se quisermos estar investindo em termos de futuro, ou seja, de como nos avaliaremos diante de Deus, aqui e no futuro, essa página do Evangelho é muito esclarecedora. Nós mesmos estamos apresentando a Deus a medida com que nos julgaremos, pois Deus não julga e não julgará ninguém. Ele mesmo, em Jesus de Nazaré, afirmou com todas as letras: “Eu não vim para julgar e condenar, mas para redimir e salvar”. Portanto, nós mesmo nos julgaremos diante da infinita bondade que é Deus.
Sendo assim é do nosso interesse sermos misericordiosos com os demais para que a misericórdia nos envolva aqui e no futuro. Se quisermos ser apreciados pelos outros aqui e no futuro é de fundamental importância que comecemos agora a valorizar as pessoas acima de qualquer bem material. Se quisermos que os outros enxuguem as nossas lágrimas no presente e no futuro não percamos mais tempo deixando isso para quando ficarmos velhos. Se quisermos que não nos discriminem passemos a valorizar a todos sem usarmos dois pesos e duas medidas, conforme as conveniências e os interesses imediatos. Se quisermos ser felizes na terra e no Céu, passemos imediatamente a trabalhar incansavelmente pela felicidade do marido, da esposa e de todos.

Peçamos a graça de compreender essa Revelação de Deus e a força de coloca-la em prática, banindo da nossa agenda o egoísmo e todas as medidas discriminatórias e condenatórias. Que a medida amorosa seja a nossa pauta e a nossa meta para este ano de 2015!



Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A NOSSA FUNÇÃO É SEMEAR

Vejo que muitas pessoas se angustiam porque não veem os frutos da sua semeadura ou a mudança dos filhos e das pessoas, pelas quais se sentem responsáveis. Claro que é bom poder semear e posteriormente colher abundantes frutos. Porém, quero perguntar a você querido leitor: a nossa função primeira é colher? Pela experiência da vida, vejo que inicialmente as pessoas preparam a terra e semeiam. Uma vez semeado o terreno não há nada que possam fazer a não ser confiar na força da semente que nasce, cresce e frutifica por si.
O Evangelho de (Mc 4,1-20) nos apresenta o semeador que joga a semente e confia na força dela. Uma vez que cai em terreno bom ela frutifica necessariamente a porcentuais expressivos. É função do semeador lançar a semente no coração do homem e da mulher e confiar na sua capacidade de produção. Se os corações não forem pedregosos ou cheios de preocupações mundanas a semente da Palavra será acolhida e produzirá abundantes frutos de amor e bondade. Se, ao contrário, o coração humano será incomodado pela bondade da semente.

Cabe a cada ser humano preparar o seu coração para ser terra boa. Em última instância, é a casa dele. Na própria casa manda a pessoa. Além disso, a chave está por dentro e não por fora. Portanto, caros leitores, não é nossa tarefa necessariamente colher os frutos. Os frutos dependem do terreno acolher ou não. 
O Evangelho nos apresenta o Mestre Jesus, que saiu a semear para todos os lados e lugares. Como ele é o nosso mestre, somos convidados a imitá-lo. Portanto, a nossa tarefa é semear com generosidade confiando na força da semente da palavra de Deus. Conforme o Evangelho é nossa função semear e semear, apesar da dureza e do apego às coisas do mundo de alguns corações. A Palavra, por si, é de excelente qualidade. Ela não deixará de produzir o seu efeito. Se tiver sorte de cair em terreno bom ela, a seu tempo, vai frutificar. Se não for acolhida, ela tem força de questionar e tirar o sossego dos corações endurecidos e lotados de espinhos.
Seja o terreno bom ou ruim importa que entendamos que a Palavra de Deus tem força de produção e de questionamento. Portanto, não desanimemos perante os frutos que não vemos ou colhemos. A nossa missão não é, necessariamente, de colher, mas de semear, quer agrade, quer desagrade, conforme fala São Paulo. A mãe de Santo Agostinho, Santa Mônica, semeou durante muito tempo antes de obter a conversão do filho.
Pior ainda é quando queremos colher, mas não estamos dispostos a semear a boa semente. Semeamos egoísmo e queremos colher amor e bondade. Como assim? Normalmente quem semeia as sementes do Evangelho colhe bons frutos, a princípio em esperança, e até de fato. Quem semeia maldade faz mal a si mesmo e aos outros e colherá a infelicidade.

Peçamos a graça de acolher esse convite do Jesus e sair pelas estradas da vida com a firme decisão de ser um semeador do Evangelho de Jesus Cristo e assim gerarmos esperança de colhermos um mundo mais fraterno e atencioso com os seres humanos.





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

CRER NO EVANGELHO

O que será mesmo crer no Evangelho? Inicialmente, queremos deixar claro, que crer não é igual a conhecer. O diabo também conhece a Deus. Muitos conhecem intelectualmente o Evangelho, mas isso não é ainda crer. Há teólogos que conhecem muito os textos bíblicos, fazem exegeses maravilhosas, mas não creem. Crer é acolher, deixar-se transformar e viver daquilo que cremos.
Em segundo lugar, precisamos entender melhor o significado de Evangelho:
 Evangelho vem do grego evangelion, isto é, boa notícia. A boa notícia não é uma palavra solta que veio de não sei de onde e ignoro a sua finalidade. Para nós cristãos, o Evangelho é a Palavra de Deus que se fez carne em Jesus de Nazaré. Em suma, a Boa Nova é Jesus que nasceu pessoa humana para falar-nos do amor de Deus por nós seus filhos e suas filhas. Por amor deu a sua vida em favor de cada um de nós a fim de que tivéssemos vida em abundância.
Portanto, caros leitores, crer no Evangelho, é acolher Jesus e deixar-se transformar pela sua palavra. É viver no seguimento de Jesus escutando a sua palavra e vivendo como ele viveu. Não é, portanto, apenas conhecimento intelectual de Jesus e da sua Palavra. Crer no Evangelho requer um novo jeito de viver. Muitas e muitas vezes implica uma mudança radical na vida.
Mudança radical?
Inúmeras pessoas que foram batizadas e dizem ser católicas, não conhecem Jesus e a sua Palavra. Pensam ser católicas porque a avó vai muito na missa ou reza o terço em casa, mas elas mesmas vivem mergulhadas num egoísmo absurdo. Vivem em torno dos seus interesses pessoais e ignoram os demais irmãos. Crer no Evangelho implica uma conversão desse modo de pensar e agir.
Quem acolhe Jesus e deseja viver o seu projeto cristão deve dar uma guinada de 180 graus nesse modo de vida. Jesus que é o Evangelho, isto é, a Boa Notícia de Deus para nós, deixou a gloria do Pai para assumir a nossa condição humana a fim de nos auxiliar na caminhada para mais vida. Eu pergunto a você que nos lê: Você está disposto a deixar os seus pedestais e os seus títulos para estar no meio do povo a fim de ajudá-lo a ter mais vida e dignidade? Se sim, você é um homem em processo de conversão para Jesus e a sua Palavra, caso contrário, você é um egoísta que empobrece a si e a comunidade, fadado a viver na tristeza.
Quantos cristãos que vivem mergulhados em profunda tristeza! Claro que para alguns isso pode ser sinal de alguma doença física que requer tratamento médico. Noto, por outro lado, que para muitos isso é apenas o sinal visível da falta de vivência do Evangelho. Quem adere a Jesus e a sua Palavra e vive o projeto D'ele semeia alegria e vida por onde passa. Não é uma pessoa derrotada, mas ressuscitada com Jesus.  Ela mesma torna-se uma página viva do Evangelho. Quem a vê acaba vendo Jesus no seu modo de pensar, no seu jeito de acolher e nas obras que produz.

Levanta-te e põe-te a caminho!
Eis a ordem de Deus ao medroso Jonas, que a princípio fugiu da missão. Depois de ser pego pela dor e dificuldade causada a si e aos demais, Deus se dirige a ele novamente ordenando que pregue a conversão aos Ninivitas. Mesmo a contragosto ele vai e a mudança acontece. A cidade inteira se converte para Deus e se poupa da destruição (cf Jn 3,1-5.10). Falo assim porque Deus não destrói ninguém, mas o próprio malvado se autodestrói.
Jesus continua chamando pessoas para segui-lo a fim de torna-los pescadores de gente para Deus e para o seu Reino de amor e paz. Chamou Pedro, André, Tiago, João a princípio (cf. Mc 1,16-20). Ele continua passando pelos nossos postos de trabalho e chamando a cada um de nós para estarmos com Ele a fim de sermos capacitados a sentir, a pensar e a agir como Ele. Uma vez iniciados no novo modo de ser ele nos envia em missão. Envia-nos para que falemos do imenso amor de Deus pelos seus filhos e pelas suas filhas, particularmente aos mais afastados. Hoje constatamos que multidões de jovens e adultos andam nos caminhos do egoísmo e do mal. Em breve se machucarão e se destruirão. Quem pregará o amor de Deus a eles?

Peçamos a graça da docilidade, isto é, de ouvirmos esse chamado e respondermos generosamente a fim de que nós, as nossas famílias e comunidades tenhamos mais vida e alegria. 




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

ESTENDE A TUA MÃO

Um dos grandes problemas da humanidade, nos dias atuais, é que as mãos das pessoas tendem a se fechar. Fecham-se ou os braços cruzam-se diante das necessidades dos irmãos e dos trabalhos que urge realizar em prol da promoção humana. Com essa atitude a humanidade está sendo empobrecida. O que é pior é que as pessoas que assumem essa postura acabam com as mãos e os braços secos.
Para Iluminar essa realidade, vejamos o Evangelho de Marcos (Mc 3,1-6) onde o evangelista narra a cura do homem de mão seca libertado em dia de sábado. De fato pode ter havido uma cura física, mas o que o Evangelista quer destacar não é a cura física, que ocorreu de forma milagrosa. Ele chama a atenção para a dureza dos escribas e fariseus que colocavam as normas e a lei no centro da comunidade e o homem e a mulher a serviço dessas regras. Com isso, impediam as pessoas de ocuparem o centro da comunidade e de poderem servir e ser servidos. Dessa distorção resultava que o homem ficava de mãos atadas e tendiam a secar.
Jesus veio para apontar um novo caminho. Um caminho onde o homem e a mulher são chamados para o centro da comunidade e as normas entram como ferramentas de promoção das pessoas. As normas e leis não podes mais funcionar como ataduras que impedem de fazer o bem em dia de sábado ou no domingo, empobrecendo as pessoas e as comunidades.  
Jesus se apresenta como o nosso libertador das amarras que atrofiam as mãos, isto e, a nossa capacidade de amar e servir. Mesmo assim, depois de dois mil anos muitos líderes religiosos continuam colocando as normas na frente das pessoas e assim acabam excluindo irmãos e irmãs das comunidades por conta das leis.  
Na caminhada com Jesus podemos notar que Ele sempre colocou a pessoa humana no centro de suas atenções. Passou no mundo fazendo o bem a todos. Amou de modo especial os pecadores e mais abandonados. No final da sua caminhada deu um novo mandamento aos seus amigos: “Que vos ameis uns aos outros ... Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,34-35).
Notem que em momento algum Jesus coloca a Lei acima das pessoas, mas coloca a pessoa e a Lei do Amor às pessoas no centro da sua comunidade. Afirmou em outra passagem: “Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja”. A comunidade cristã é aquela que segue os passos do Mestre Jesus. É aquela que coloca as pessoas no centro e as ama, apesar das suas falhas e limitações.
Jesus indica que o amor é que abre as portas do paraíso e não mais a observância da lei pela lei. A lei do amor às pessoas é que devolve a elas a sua verdadeira identidade e dignidade. Uma vez que a pessoa é colocada no centro da família, das empresas e das comunidades ela se sente amada e descobre rapidamente a sua vocação. Ela tende a retribuir, isto é, a descruzar os braços e colocar suas mãos a serviço dos demais. Com isso, ocorrerá a cura das mãos atrofiadas ou ressequidas.

Uma vez que a pessoa se sente amada tende a amar também e vai se descobrindo como um grande potencial de amor. Ressurge cheia de vida, de amor caridade e alegria evangélica. Tenderá a estar sempre de braços abertos para acolher e amar os seus irmãos. Ao amar e ser amada a pessoa descobrirá a sua verdadeira identidade. Descobrir-se-á filha do Deus de Amor, que a todos ama e a chama a fazer o mesmo. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

DEUS REVELA O SEU ROSTO

De forma surpreendente e inesperada Deus retirou o véu do seu rosto para que os seus filhos e suas filhas pudessem contemplá-lo. Claro que havia essa expectativa em todos os povos. Tanto é verdade que representantes dos três continentes conhecidos na época se puseram a caminho da Luz, uma vez que ela apareceu no céu.  Nos choca profundamente que grande parte do povo hebreu, povo eleito, raça escolhida para ser raiz do Salvador, não o tenha reconhecido.  Ainda hoje, muitos judeus e não judeus insistem em não reconhecê-lo.
Por que não o reconheceram e não o reconhecem apesar da sua manifestação? Apresento seis aspectos do rosto de Jesus que os homens de boa vontade o visualizam e o acolhem e os de má vontade não o acolhem e preferem um deus diverso:
1. Inicialmente, havia uma forte expectativa da parte deles, mas esperavam que viesse de forma extraordinária, com som de trombetas, com sinais fortes no céu e na terra. Porém, não foi essa a forma como Deus escolheu mostrar a sua face. Deus escolheu assumir a face do ser humano e acampar no meio de nós pela via natural da família. Parece que essa é ainda hoje a maior dificuldade de algumas pessoas para reconhecer e acolher a Deus. Gostam de colocar Deus longe do natural e humano. Falam de comunhão com Deus, mas o querem distante da sua vida e dos seus negócios. Preferem um deus que atenda os seus gostos e caprichos.  Na verdade, Jesus mostra um Deus próximo, que assume o humano, que caminha com o humano, que revoluciona os comportamentos egoístas para que surja um novo céu e uma nova terra. Quem quer esse Deus?
2. Deus revelou o seu rosto como servidor da comunidade e não como um Deus distante e enclausurado em palácios para ser servido como imaginava o nosso primeiro papa da Igreja, isto é, São Pedro. Por isso, diante de Herodes e pessoas que se servem da comunidade e dos demais irmãos, ele surge como um rei perigoso, que precisa ser eliminado, antes que cresça. Tanto é verdade, que Herodes manda matar todas as crianças de Belém com o intuito de eliminar o novo Rei Servidor. Por conta disso, muitos judeus e não judeus não reconhecem a face do nosso Redentor. Preferem um deus poltrão, que se faz servir, porque sonham em serem servidos.
3. Jesus de Nazaré revela a face misericordiosa do nosso Pai do Céu. Ao contrário de um Deus justiceiro, que exterminaria todos os pecadores e pagãos, conforme pensavam muitos judeus, Jesus mostrou um Pai cheio de ternura que abraça os pecadores, as crianças, os pobres, os doentes para recriá-los no seu infinito amor. Muitos judeus no tempo de Jesus e muitos homens e mulheres de hoje não aceitam esse Deus. Preferem um deus à sua imagem e semelhança, isto é, elitista, que julga, que exclui e condena.
4. A Luz de Deus brilha em Jesus mostrando para os judeus e para os pagãos um Pai que partilha com seus filhos e filhas. Ele partilha tudo. Ele não guarda nada para si. O que possui tem a alegria de partilhar com todos.  Ensina que os cinco pães e dois peixes que possuímos é para por em comum e assim o milagre a fome zero acontecerá na dimensão material e espiritual.  Por isso mesmo, Jesus ensinou a todos os homens e mulheres de boa vontade a viverem o Pai Nosso e não somente a rezá-lo, como oração formal. Muitos egoístas preferem o deus da prosperidade e do acumular, que abençoa os que acumulam e empobrece os pecadores, como pensavam muitos judeus.
5. Jesus revela o rosto do Pai, que pode ser contemplado e servido em cada irmão e cada irmã. Ele ensina que o seu corpo e o templo de Deus o das pessoas também. São Camilo reconheceu essa verdade e serviu a cada doente contemplando o rosto do seu Salvador. Tanto é verdade, que chegou a confessar a seus pecados aos doentes, ciente que Jesus estava presente naqueles maltrapilhos.  Muitos batizados são cegos para essa revelação de Deus. Tratam os demais com desprezo e desdém porque os seus olhos ainda estão com as escamas de S. Paulo, antes do Batismo dado por Ananias.
6. Finalmente Jesus se apresenta como pão vivo que desceu do Céu. Na última ceia Jesus tomou o pão e o vinho, base da nutrição judaica, e os consagrou no seu corpo e no seu sangue, para dizer a todos nós que precisamos de comida e bebida material para nutrir o nosso corpo, mas igualmente, necessitamos do pão e do vinho do Céu, que é Ele mesmo, para desabrochar como filhos e filhas de Deus. Sem o pão material o nosso corpo enfraquece e adoece.   Sem o pão do Céu homens e mulheres são doentes espirituais, cheios de egoísmo, que empobrecem muito a comunidade.

Que o Espírito Santo nos dê a graça de reconhecer os traços de Deus na beleza das criaturas todas! Que ele queime as escamas dos nossos olhos para que possamos contemplar a face de Deus em cada ser humano, sobretudo nos mais carentes e necessitados! Que o nosso coração se encha de boa vontade e se abra para acolhê-lo, como, de fato, se revelou em Jesus de Nazaré!




Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A FAMILIA À LUZ DA PALAVRA


Modernamente se questiona o núcleo básico que sustentou a Igreja e a Sociedade por milênios. Alguns chegam a dizer que o modelo: Pai, Mãe e filhos, está com os dias contados. Apresentam-se novos núcleos com a pretensão de ser família, mas, no meu modo de ver, não passam de modismos temporários, porque não estão em função dos valores perenes, isto é, da vida humana e divina.
A beleza da mensagem bíblica sobre a família tem a sua raiz na criação do homem e da mulher, ambos criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 24-31; 2, 4b-25). Ligados por um vínculo sacramental indissolúvel, os esposos vivem a beleza do amor, da paternidade, da maternidade e da dignidade suprema de participar deste modo na obra criadora de Deus (Documento preparatório para o Sínodo sobre a Família- 2014).

O livro do Eclesiástico (Eclo 3,3-17) nos apresenta a família constituída de Pai, Mãe e Filhos. Fala de Deus que abençoa os pais nos filhos e recompensa os filhos no cuidado respeitoso dos pais, mesmo quando velhos e doentes. Recompensa-os com vida longa, perdão dos pecados e o respeito dos seus filhos. Reparem que o modelo aponta para a bênção de Deus e para a alegria nos filhos. Não se trata de um núcleo estéril, mas que tem futuro nos filhos e em Deus.
O próprio Deus quis entrar no mundo através de uma família. Quis ser acolhido e educado no seio de uma família tradicional.  Surge a Sagrada Família de Nazaré, constituída de Maria, José e Jesus.  Família essa, cônscia dos seus deveres religiosos. Por isso mesmo, apresenta Jesus para a sua consagração a Deus, conforme o costume judaico (cf Lc 2,22-24). Neste sinal brilha a Luz de Deus sobre o tradicional modelo de família e o seu valor fundamental para a vida social e religiosa.
Surgem igualmente Simeão e Ana, dois idosos, para acolher e testemunhar que a Salvação entrou através da família. Eles que tinham os olhos voltados para Deus, puderam ver o Salvador apresentado pelo casal Maria e José (cf Lc 2,25-30).  Eis a missão, sobretudo dos idosos, de apontar o Salvador para os demais e que o mesmo quer entrar no coração das pessoas através da família.  Portanto, idoso não é alguém desprezível, mas valioso para apontar o nosso futuro.
Na carta de S. Paulo aos Colossenses (Col 3,12-21) podemos contemplar os sete tecidos recomendados por S. Paulo para a confecção de uma boa roupagem para a família, ou seja: a misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência, tolerância e perdão reciproco. Pede para que os pais e os filhos se revistam com essas virtudes. Cabe, sobretudo, aos pais, num processo lento e gradual, ajudarem os filhos a revestir-se dessa maneira e não apenas com os modismos fugazes, que deixam um rastro de vazio, drogadição e tristeza.  
Por conta dessa missão fantástica confiada à família, o Pe. Zezinho, numa das suas canções, pede para que nenhuma família comece em qualquer de repente ou termine por falta de amor, mas que seja constituída a partir dos valores da vida humana e divina, ou seja, com a bênção de Deus e com a graça dos filhos.

Peçamos a graça de que as crianças continuem tendo um berço familiar, que lhe garanta acolhida, cuidado e educação para os valores sociais e religiosos. Sem isso as futuras gerações correm o risco de edificar a casa sobre a areia, conforme ensina a Palavra de Deus em (Mt 7,21-27). Qualquer dificuldade derruba aquela pessoa assim edificada.  Mesmo que alguém questione a sua eficácia, acredito que a instituição familiar tradicional é a que possui as melhores condições de garantir essas bases firmes para as pessoas. 





Pe. Arlindo Toneta  -  MI
Pároco da Paróquia N. Sra. da Boa Esperança  - Pinhais - PR