Eis
um pedido de Jesus, que a princípio, gera espanto. Como não termos medo se
desde o nascimento somos tocados pelo medo do novo e do desconhecido. Temos
medo de sermos agredidos ou abandonados. Temos medo de passar fome e sede.
Temos medo de ficar sós ou mal acompanhados. Temos medo de não sermos
reconhecidos pelos colegas de turma. Temos medo de não sermos correspondidos no
amor. Enfim o medo nos cerca por todos os lados.
Por
isso, precisamos entender melhor o que é mesmo que Jesus está querendo dizer
aos seus seguidores. Certamente não está falando desse medo natural das
pessoas, pois o medo é necessário para a nossa sobrevivência humana. Certo medo
é normal e faz parte da nossa vida. O medo nos afasta dos perigos e, por conta
disso, sobrevivemos a inúmeras armadilhas da caminhada. Por exemplo, o medo de
sermos atacados por um cachorro bravo, nos leva a tomar os devidos cuidados
para que não nos agrida e coloque em risco a nossa vida.
Por
outro lado, sabemos que existe um medo exagerado, ou seja, patológico, que nos
impede de fazer as coisas que devemos fazer. Algumas pessoas têm medo
enorme de escuro e não conseguem sair
sozinhas de noite. Outras têm medo de certos tipos de pessoas por conta de
experiência difíceis na sua infância. Todos esses medos, com a ajuda de um bom
terapeuta, podem ser facilmente superados.
Jesus
está falando dos medos que nos impedem de assumirmos a nossa missão de
evangelizadores. Como batizados nós entramos na família de Deus e nos é
confiada a missão de continuar a obra de Jesus Cristo a todas as pessoas. Na
verdade, muitos batizados permanecem prisioneiros do medo e não contribuem na
dilatação do Reino de Deus. Ficam com medo das possíveis perseguições, do que
os demais podem dizer, de serem rejeitados pelos colegas ou amigos de turma e
com isso escondem o tesouro do evangelho ou camuflam a sua identidade cristã.
A
Palavra de Deus nos apresenta o Profeta Jeremias como um exemplo a ser imitado.
Apesar da sua jovem idade ele tem consciência que o Senhor está ao lado dele e
por isso não tem medo de ninguém. Ele tem tamanha confiança no seu defensor,
isto é, Deus, que expressa toda a convicção que os seus inimigos cairão
vencidos (cf. Jer 20,10-13). Outro exemplo disso aparece no pequeno Davi que em
nome do Senhor avança contra o gigante Golias e o derrota (cf. 1 Sam 17,40-51).
Em
Mateus 10,26-36, Jesus continua animando os seus jovens discípulos a não temer os
homens e as mulheres que podem dificultar o apostolado deles. Ensina-os a não
temer os que podem matar o corpo, mas nada podem contra a alma. Ensina-os,
inclusive, a não ter medo nem do pecado que habita os seus membros e que entrou
no mundo através de Adão.
Por
que não devem ter medo? Não devem se conduzir pelo medo, porque Jesus seria
morto, mas venceria a morte e o pecado através da sua ressurreição. Por isso,
em vida, os ensina a não se deixar enredar pelo medo das dificuldades, das
perseguições, da fome, da sede e até da morte. Ensina-os a confiar em Deus que
conta até os cabelos das nossas cabeças, que providencia o alimento para os
pássaros, que não possuem celeiros, que veste maravilhosamente a erva do campo
que hoje existe e amanhã já seca.
Por
outro lado, ensina-os a ter medo daquele que pode mandá-los para o inferno e
destruir a alma e o corpo. Quem é esse que devem temer? Será que Deus que os
fez com carinho e para a felicidade e salvação? Certamente que não, pois Deus
não age contra o seu projeto de salvação. Será que é o diabo? O diabo não tem
esse poder, pois Jesus já o derrotou, com sua opção radical para o amor, que
envolveu a sua morte e ressurreição. Quem será então esse poderoso que pode
fazer tanto mal aos seus discípulos? Somos cada
um de nós, que podemos nos fechar no egoísmo e recusar a Graça e a Salvação
Eterna, já garantida a todos os seus irmãos e irmãs, por Jesus.
Além
disso, prometeu ficar com eles todos os dias até o fim das suas vidas (cf Mt
28,20). Animados por essa companhia divina os discípulos de ontem e os de hoje
são animados por Jesus a assumir, sem medo, as Missões Permanentes. Missão de proclamar sobre os telhados, no seio
das famílias, nos ambientes públicos e privados, nos hospitais, nas escolas,
nas ruas, no centro e na periferia as maravilhas do Senhor.
Em
suma, ensina-os a tomar consciência dos seus medos e a superá-los. Para isso os
anima a confiar na bondade de Deus que não abandona os seus filhos, mas cuida a
tal ponto de contar os seus cabelos. Orienta-os a segurar na sua mão, pois ele
venceu o medo, o pecado e a morte e é garantia da vitória deles também. Assegura
que Ele estará sempre com eles até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20).
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