sábado, 26 de abril de 2014

PESCAR


Sair para pescar pode ter várias motivações e nem sempre as melhores. Alguns saem porque estão estressados e querem livrar-se desse mal, descontando nos peixes. Outros saem com segundas intenções, isto é, para beber, para afastar-se dos problemas familiares, para curtir os amigos, etc.
No Evangelho de João (Jo 21,1-14) vemos alguns discípulos de Jesus que decidem sair para pescar. Estavam atordoados com a morte do seu Mestre, quem sabe decepcionados nas suas expectativas e decidem retornar à antiga profissão de pescadores. Pescam a noite inteira e não apanham peixe algum. Pela manhã, já desanimados com o insucesso na pescaria, estavam retornando à praia quando um indivíduo os orienta para lançarem a rede no lado direito da barca. Fizeram isso e apanharam grande quantidade de peixes.
Nessa altura do campeonato muitos pescadores certamente estão pensando em convidar esse cara para as próximas pescarias a fim de obter melhores resultados. Não quero decepcioná-los, mas o Evangelho não está querendo ensinar aos pescadores onde estão os peixes para os mesmos poderem apanhá-los de forma abundante. Ele está querendo ensinar algo muito mais importante a todos os discípulos e discípulas de Jesus, que trabalham na sua Igreja.
A grande tentação de muitos discípulos, sobretudo quando decepcionados em relação a Deus, é pescar de noite, isto é, sem Deus e a sua orientação. Por melhor que seja o indivíduo e a sua patota de colegas, os resultados podem não ser bons. Tanto é verdade, que os discípulos pescaram a noite inteira e nada apanharam, apesar de serem pescadores experientes. Logo que acolheram Jesus e a sua palavra houve uma mudança fantástica. Passaram da noite para o dia.  A pescaria foi abundante e cheia de animação.
Queridos leitores! Quantos de nós nos decepcionamos com Deus! Uns porque perderam a esposa, marido ou filho de forma trágica e inesperada. Na sua dificuldade de acolher e aceitar esse mistério da morte, revoltam-se contra Deus e o abandonam. Resolvem conduzir a vida sem a sua Palavra. Abandonam a Igreja e a comunidade. Decidem trabalhar de noite. Por mais que batalhem, lutem, tentem, os resultados podem ser frustrantes e inúteis. A pessoa só voltará a ter paz, a pescar com eficácia, somente quando se abrir para acolher a Palavra de Jesus que diz: ‘’Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que se alimenta de mim viverá eternamente’’.
Quantos irmãos que perdem o emprego, que são assaltados nos seus bens, que perdem a saúde se sentem decepcionados com Deus porque não atendeu as suas expectativas humanas! Resolvem conduzir a vida do seu jeito, ou seja, sem a orientação de Deus e da sua Palavra. Jogam a rede para todos os lados, mas não apanham nada de bom que os leve a sentir-se bem e realizados. Somente quando se abrem novamente para Deus e a sua Palavra é que obterão sucesso e a sua fome será saciada, com os manjares por Ele preparados.

Penso que depois do exposto, todos entenderam de que pescaria o evangelho está falando. Em suma, ele está querendo dizem que trabalhar na Igreja sem Deus e a sua Palavra é trabalhar de noite e trabalhar de noite leva a inúmeras decepções. Por melhor que seja a nossa comunidade, se faltar Deus e a Luz da sua Palavra esta comunidade está fadada ao fracasso, mesmo que tenha uma boa economia ou uma administração atualizada. Da mesma forma, uma família, grupo de jovens ou adultos que deixa de lado a meditação da Palavra de Deus não tarda a entrar na noite e no fracasso.   




Pe. Arlindo Toneta - Pároco –

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR

sábado, 5 de abril de 2014

A FORÇA DA FÉ



                     Mais uma vez a Palavra de Deus nos mostra o poder da fé em Jesus. Ela remove as montanhas do egoísmo, aterra os vales do ódio e chega até a ressuscitar os mortos. Que pena que grande parte dos nossos homens e mulheres civilizados do século XXI desconheça essa força! Por conta disso, preferem apelar para a força do ódio, da violência, da grana, das armas e da guerra. Claro que os frutos amargos estão em toda a parte. Milhares de feridos, mutilados e mortos a cada ano.

                     Neste tempo de quaresma, tempo propício para a reflexão e a conversão, Jesus nos oferece mais uma vez a chance de nos apossar da força vivificadora da Fé. Casamentos à beira do precipício podem ser restaurados com a força da fé em Jesus. Comunidades divididas por causa do poder podem ser revigoradas com a força servidora daquele que veio ao mundo para dar a vida em favor de todos. 

                     Quantos jovens que não têm mais motivos para continuar vivendo! Alguns encontram-se mergulhados nos vícios, na iminência do suicídio. A tentativa de restaurá-los com abstinência e trabalho em clínicas não é suficiente. Quantas recaídas nessa trajetória apesar dos louváveis esforços! O ingrediente principal nessa terapia é a Fé em Jesus. Sem ela as quedas serão maiores e até fatais. Com fé ainda haverá quedas, mas a pessoa encontrará motivos e forças para dar a volta por cima e recomeçar a caminhada em busca da sua libertação.

                     Queridos leitores! O nosso querido papa Francisco convoca a todos nós a sermos propagadores da fé em Jesus a fim de podermos curar a humanidade que confia em demasia na força das armas que geram morte e acredita de menos na força da Fé que gera vida e ressuscita mortos. Quaresma é tempo de conversão e mudança de mentalidade, meus queridos leitores. 



Pe. Arlindo Toneta - Pároco –

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR

FIRMES NO ESSENCIAL


    Meditando o Evangelho (Mc 12,28-34) entendo que Jesus está ensinando que precisamos ter clareza no que é essencial em termos de religião, caso contrário nos perdemos no emaranhado legal. No campo civil e no religioso somos muito fecundos no que diz respeito à produção  de leis, normas, proibições e outras exigências. O pior de tudo é que produzimos tudo isso, a maioria das vezes, para dominar, para enredar, para assegurar as nossas ideias e convicções e não para libertar os irmãos a fim de que voem para o alto e para Deus, conforme a sua vocação original.
O Papa Francisco nos recorda na sua Exortação Apostólica que os preceitos dados por Jesus e pelos Apóstolos ao povo de Deus são pouquíssimos. O Evangelho de hoje os apresenta bem. Lembra Santo Agostinho que ensinava que os preceitos adicionados posteriormente pela Igreja devem se deve exigir com moderação, pois não são a essência do Evangelho (43).
Lamentavelmente, quantas e quantas vezes nós sacrificamos o Essencial exigindo dos outros o cumprimento de normas e leis secundárias. Faltamos de caridade para com o próximo, que é a maior virtude teologal, com o intuito de exigir o cumprimento de leizinhas que mais que edificar a Igreja de Jesus a denigrem.
Por isso, o Evangelho de hoje nos desafia a colocar todo o nosso entendimento, todo o nosso coração, toda a nossa vontade no único preceito deixado por Jesus, isto é, no Amor. Amor que se desdobra em duas hastes que juntas formam a cruz de Cristo. A haste vertical: Amor a Deus e a haste horizontal: Amor aos irmãos. Em outras palavras o Essencial é o Amor que nos leva a ser Cruz voltada para Deus, em primeiro lugar, e porque voltados para Deus, de braços abertos para os seus filhos a fim de acolhê-los no amor.
Todas as demais leis e normas deveriam convergir para isso, se verdadeiramente somos seguidores de Jesus de Nazaré. Se não conduzem para responder ao amor de Deus e de todos os irmãos não são cristãs e deveriam ser deletadas do nosso plano de vida cristã.

Um abraço a todos vocês que procuram viver na essência do Evangelho.





Pe. Arlindo Toneta - Pároco - 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR


              Quantos católicos que foram batizados, fizeram primeira eucaristia e até receberam a confirmação, mas permanecem mudos por conta do medo de se comprometer com a verdade que liberta e salva! Quem fez experiência de Jesus faz parte da Igreja viva de Jesus, isto é, da Igreja em saída missionária de Jesus, conforme nos lembra o Papa Francisco na Exortação Apóstólica Evangelii Gaudium. Imaginamos que as pessoas que foram batizadas, fizeram primeira eucaristia e foram confirmadas deveriam ter feito experiencia de Jesus e não apenas uma desobriga por conta das tradições familiares. Se assim fosse essas pessoas estariam na ativa comunicando Jesus e o Amor infinito do Pai apaxonado pelos seus filhos e filhas.

            Por outro lado, quando vemos um bando de católicos, que receberam os primeiros sacramentos e assim mesmo permanecem mudos ou surdos, nos perguntamos que tipo de experiencia de Jesus fizeram. Certamente não fizeram uma boa experiencia dele, mas realizaram os gostos da nona e ou seguiram as tradições familiares, mas não fizeram a experiencia dos primeiros discípulos, mencionada em Jo 1,35-50), que garante a missionariedade.

          Queridos leitores!  Precisamos que Jesus continue tocando nos católicos e cristãos para que a sua lingua se desate e comece a comunicar as maravilhas que ele opera em quem  comunga com ele e seus ideais de vida. Precisamos superar uma religião sacramentalista e formalista, que não nos liberta, e experimentar a alegria de ser de Deus e de ser missionário dele. 

Um abraço a todos os comunicadores de Deus e dos seus valores,



Pe. Arlindo Toneta - Pároco - 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR