quinta-feira, 1 de maio de 2014

A PARTILHA


O mundo tem sede de concentração de bens nas mãos de alguns, mesmo que à custa do empobrecimento de muitos. O mundo capitalista insiste em apresentar os ricos de bens terrenos como modelos a serem imitados. Na verdade, a experiência humana, mostra que para viver bem não necessitamos de muitos bens. Ao contrário, muitos bens podem trazer muitos problemas, tais como insegurança em mantê-los, medo de sequestros, dor de consciência, etc, etc. Ciente disto, Mahatma Gandhi, afirmou que a verdadeira civilização é a da simplicidade.
Meditando a Liturgia da Palavra, desse tempo de Páscoa, chama-nos a atenção a maneira de viver da primeira comunidade cristã, isto é, dos seguidores de Jesus Ressuscitado. Contrariando a tendência do mundo concentrador de bens temporais, eles repartiam tudo entre si. “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum” (At 4,32).
Queridos leitores! Vamos pensar um pouco sobre essa mudança de comportamento. Por que eles começaram a repartir os bens materiais, que acumularam ao longo da vida? Certamente porque descobriram um bem maior pelo qual vale a pena repartir tudo. O que é mesmo esse bem maior? Descobriram Jesus Cristo Ressuscitado, que passou pelo mundo repartindo tudo o que possuía, inclusive seu corpo e sangue, e agora nos aguarda no banquete do Reino dos Céus. Descobriram Jesus que buscava constantemente as coisas do Pai, as coisas do alto, que após a sua morte subiu ao Céu onde prepara um lugar para todos os que fazem o bem, isto é, os que repartem. Além disso, entenderam também, que tudo o que é feito a um irmão é feito ao próprio Jesus.
Diante do testemunho e da pregação dos que conviveram com Jesus, que o ouviram falando, que o viram repartindo, que participaram da sua prisão e condenação à morte de cruz e mais do que isso, que o viram ressuscitado, multidões de fiéis, se convertiam a esse novo modo de vida. Claro que para os que não creem em Jesus Ressuscitado, esse modo de vida não passa de uma loucura coletiva. O que é importante, queridos leitores, não é discutirmos os prós e os contra, mas notar que quando o Evangelho e a sua mensagem entram no coração do homem e da mulher surge um novo homem e uma nova mulher. Um homem capaz de repartir tudo o é e o que possui em favor do bem comum. Surge um casal consciente que tudo o que possui e tem, deve repartir com o cônjuge e com os filhos, em primeiro lugar, e com a comunidade em segundo.
A partir da adesão a Jesus Ressuscitado surge um novo modo de nos relacionarmos com os bens terrenos. Eles não são mais os nossos senhores, mas ferramentas para fazermos o bem a quem necessita na família e na comunidade. São apenas meios que usamos e partilhamos com aqueles que mais necessitam. Isso leva a uma liberdade extraordinária em relação aos mesmos. Nisto aprendemos a viver, como S. Paulo, com muitos bens e também com alguma carência sem, contudo, perder a alegria, pois o bem maior está garantido a todos os homens e mulheres de fé.
Além de tudo isso, surge um novo modo de relacionamento humano, isto é, um relacionamento respeitoso e cuidadoso do outro e da outra. Não mais seremos capazes de explorar o trabalho do outro para nos enriquecer, mas saberemos valorizar e remunerar o seu trabalho. Uma vez ressuscitados com Cristo, saberemos valorizar o outro, agradecendo o presente do céu que ele é, e não apenas um concorrente ou um assaltante que procura nos prejudicar. Quando a Ressurreição de Jesus nos toca, os nossos olhos se abrem para ver no outro um irmão e uma irmã pelos quais Jesus deu a vida e nos convida a dá-la também em seu favor.
Penso que depois dessa meditação vocês, meus queridos leitores, já degustaram um pouco do Céu, que nós os seguidores de Jesus podemos e devemos fazer acontecer, pelos menos um pouco, na vida das nossas famílias e comunidades. Vai depender de cada um de nós assumir essa oportunidade ou deixá-la escapar como a areia debaixo dos pés e continuar lamentando que o mundo está ruim.






Pe. Arlindo Toneta - Pároco –

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR

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