No entusiasmo e na euforia o
seguimento de uma ideia ou de uma pessoa é fácil e cheio de encantos.
Normalmente fazemos juras de amor eterno, de seguir até o fim do mundo, ou até
que a morte nos separe. Como é bonito ouvir isso dos noivos que se dão em
casamento! A realidade, porém, deixa a desejar.
Lendo o Evangelho de Lc 9,57
encontramos alguém disposto a seguir Jesus para onde fosse. Eis, portanto, o que acontece com as pessoas
no momento do entusiasmo e da alegria. Promessas e mais promessas. Parece ser a
emoção mais que a razão a comandar esse tipo de decisões. Com isso, não estou
dizendo que não possa haver.
Logo a seguir, Jesus apresenta
as condições para o seguimento dele. Afirma que as raposas têm tocas e os
pássaros ninhos para se abrigarem, mas ele não possui sequer um lugar para descansar.
A sua segurança está em Deus Pai e, portanto, livre para amar. Eis um grande
desafio para quem de fato quer segui-lo, ou seja, o desprendimento de tudo e de
todos, colocando a confiança no Pai, que cuida dos seus filhos, muito mais do
que as flores do campo.
Além do mais, esse desapego de
Jesus, não aparece como desprezo das coisas e da segurança pessoal, mas como
liberdade para poder ouvir a voz do Pai que o enviou para servir. Por isso
mesmo, apresenta aos que querem segui-lo verdadeiramente, a necessidade do
desapego e da liberdade para atender as demandas dos irmãos e das irmãs, que
surgem a qualquer momento.
Continuando a leitura do
evangelho (Lc 9,58ss) encontramos outros que fazem exigências para poder seguir
a Jesus. Um quer primeiro enterrar os familiares, outro deseja despedir-se
deles. De qualquer maneira, nota-se um apego a pessoas, coisas e tempo que
dificultam a liberdade de seguir radicalmente a Jesus, que é, por excelência um
homem livre para amar.
Vejo nisso, a realidade de
cada ser humano. O desejo de seguir radicalmente o Mestre Jesus, mas, por outro
lado, a insegurança e o apego a pessoas, bens e ideias que dificultam essa
entrega. A liberdade para amar, só será possível na medida em que se
experimenta a Jesus, como o maior tesouro. Sem essa experiência, que deve ser
avivada a cada dia, surge as exigências e as recusas ao seu seguimento amoroso.
Por isso, peçamos a graça de redescobrir
a cada dia esse grande tesouro, que é Jesus, e movidos pelo seu amor sermos
atraídos para segui-lo com perseverança, apesar dos contratempos e tentações.
Segui-lo para sermos servidores dos nossos irmãos, vendo o rosto de Jesus em
cada um deles.