Em tempo de desconfiança é
contraditório falar em confiança. Atualmente somos orientados a desconfiar de
todos até prova em contrário. Não confiamos nos políticos, desconfiamos da
polícia e a muito custo confiamos nos padres. “Não podemos confiar nem nos
irmãos e nas irmãs de sangue”, é comum ouvir esse tipo de afirmação.
No entanto, a Palavra de Deus
nos chama a sermos como as crianças (cf. Mt 18,1-5.10.12-14). Seguramente não
nos chama a fazermos criancices, mas a sermos como crianças na sua capacidade
de confiar nos adultos. Não porque todos os adultos mereçam essa confiança,
pois há muitos que a traem de forma escandalosa, gerando verdadeiros traumas na
vida dos pequenos.
“Em verdade vos digo, se não
vos converterdes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos
céus” (Mt. 18,3). Aqui Jesus desafia a cada um de nós, na contramão do mundo, a
sermos como crianças na confiabilidade para com Deus. Se não confiarmos em Deus
e na sua Palavra estaremos fechando as portas para experimentar a sua imensa
bondade e estaremos condenados a viver de migalhas de “amor-egoísmo”, que leva
à decepção e ao fracasso.
Queridos leitores e leitoras!
Se nós nos converter-nos a Deus e depositarmos nele toda a confiança, à
semelhança da criança para com seu pai e para com sua mãe, seguramente
experimentaremos o abraço misericordioso e carinhoso do Pai diariamente, apesar
das dificuldades que nos cercam. Seremos capazes de ver e as maravilhas de Deus
em cada criatura e, assim, poderemos cantar como o salmista que dizia: “De
vossa glória estão cheios o Céu e a terra” (cf. Sl 148).
Falo assim porque o próprio
Jesus afirma que o Pai do Céu não deseja o mal para nenhum dos seus filhos e
das suas filhas (cf Mt 18,14). Ao contrário, se alegra sobremaneira com apenas
um que retorna ao seu convívio. Se por vezes o nosso pai terreno nos decepciona
o Pai do Céu garante o seu amor, apesar de todas as nossas fraquezas. Portanto, vamos todos depositar a nossa
confiança em Deus apesar das crises e dificuldades pelas quais necessariamente
passamos, pois estamos no mundo.