terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Refl. Ev. 1238 (Mc 9,30-37)


O maior é quem me acolhe e me serve.

Partindo dali, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia [...]. Ele ensinava seus discípulos e dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, e eles o matarão. Morto, porém, três dias depois ressuscitará”. [...] Jesus sentou-se, chamou os Doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, aquele que serve a todos!” Em seguida, pegou uma criança e, abraçando-a, disse: “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, a mim acolhe. E quem me acolhe, acolhe, não a mim, mas Àquele que me enviou” (Mc 9,30-37).

Quantas disputas para ocupar os primeiros lugares e os postos de maior honra e destaque! Quantas rivalidades, brigas e até assassinatos para galgar os primeiros lugares idealizados pelo mundo cheio de competição! Não precisamos ir muito longe para ver essa realidade. Podemos ficar dentro das nossas famílias e não tardaremos a nos embriagar desse vício. Diante dessa realidade de competição egoísta, com a qual estavam contaminados os seus discípulos, Jesus entra com a novidade do Evangelho.
Jesus revela que no seu Reino, que começa aqui na terra, é bem diferente. Não se trata mais de competição para os primeiros lugares de domínio e de honra, como pensa o mundo, mas de buscar os primeiros lugares para acolher e servir. Portanto, se há uma rivalidade boa e santa deve ser a de procurar acolher e servir mais e mais os irmãos e as irmãs. Se há uma escola católica, pensada por Jesus, esta deve ensinar os seus alunos a competir na linha do serviço e jamais na competição opressora dos demais.
Como motivação para essa conversão Jesus coloca um enorme estímulo, que os sábios e inteligentes logo acolhem e o colocam em prática. Ele revela o segredo da sua encarnação, isto é, que podemos acolhê-lo e servi-lo em cada irmão e em cada irmã. Que maravilha essa revelação! Os santos ao entenderem isso, venderam tudo para poder comprar essa pérola preciosa. São Francisco deixou toda a riqueza e até a túnica para o seu pai Bernardone e consagrou a sua vida no acolhimento de Jesus em cada pessoa, especialmente nos mais pobres. São Camilo ao descobrir essa verdade do Evangelho pediu a Deus tempo para acolhê-lo e servi-lo em cada doente nos hospitais e casas.
Queridos irmãos e irmãs leitores! Diante desse evangelho cabe-nos a tarefa de rever o quanto ainda somos contaminados pelo mundo competitivo e egoísta. Feito o exame de consciência fica a responsabilidade de decidir pelo mundo ou pelo evangelho de Jesus que quer motivar a todos a sermos grandes acolhedores e servidores e nunca grandes opressores e exploradores dos mais fracos.
Um abraço fraterno e libertador e não politiqueiro e cheio de interesses escusos.






Pe. Arlindo Toneta – Pároco – 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR

Eu, porém, vos digo...


Jesus surge no meio da cultura judaica que possuía suas normas e tradições, tais como todas as demais culturas. Havia uma tendência a vingar-se do inimigo muito mais do que os males que a pessoa havia feito. Chegava-se a destruir a família do indivíduo, por conta de uma bobagem do pai ou de algum membro da família.  Por conta disso, surgiu a chamada Lei de Talion, isto é, dente por dente e olho por olho.  A pena não podia ser maior do que o mal produzido pelo infrator. Era uma tentativa de gerar equilíbrio no modo de vingar-se.
No Levítico (Lv 19,1-18) já encontra-se uma firme orientação para superar essa questão do ódio e da vingança, que corrompiam e continuam estragando  as relações humanas. O ódio e o desejo de vingança adoecem o coração do homem e da mulher. O ressentimento, o ódio e o desejo de vingar-se são como que cordas que amarram o coração daquele que os carrega e tira a liberdade de amar e de ser amado. São igualmente parecidos com ladroes, pois roubam as energias necessárias para o amor a si e ao próximo. A pessoa fica desprovida de energias para amar.
Diante disso, fica claro que guardar esses ladrões é um mau negócio, pois todos acabam perdendo. Quero aqui acrescentar uma terceira razão para não guardar esses pensamentos. Normalmente uma pessoa que os guarda por um longo tempo acaba ficando doentes fisicamente e não apenas socialmente e espiritualmente. Surgem gastrites, úlceras gástricas e até algum tipo de câncer, por causa disso. Por isso, o autor do Levítico diz: “Não tenhas no coração ódio contra teu irmão... Não procures vingança nem guardes rancor dos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lv 19,17s).
Apesar dessas orientações os judeus continuavam com o coração cheio de ódio e de vingança. Nesse contexto Jesus acrescenta a sua orientação de não enfrentar os malvados com o mal. O mal retribuído atrai mais mal gerando a corrente do mal e do ódio, que a todos destrói. Jesus traz um elemento absolutamente novo para nocautear o mal. Ele orienta para amar os inimigos e aqueles que fazem mal. Por isso ele diz: “Amai os vossos inimigos, e rezai por aqueles que vos perseguem. Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos”(Mt 5,44s).
Que maravilha seria se nós os católicos e demais seguidores de Cristo entendêssemos essa novidade trazida por Jesus e a colocássemos em prática. Certamente teríamos força de acabar com a maioria das guerras que possuem a origem no coração do homem e da mulher! Um coração cheio de ódio e desejo de vingança justifica todos os tipos de agressões contra tudo e contra todos que se opõem ao seu modo de pensar e agir. Normalmente não de dá conta que ele é o problema e não o mundo ou os outros. Ao contrário, um coração cheio de amor e bondade, é capaz de todos os atos de amor e misericórdia, à semelhança da mãe que ama. Porque ama sempre encontra uma razão para perdoar o filho que erra.
Jesus revela um Pai de amor, que está sempre disposto a perdoar um filho e uma filha. Um Pai que derrama um olhar de bondade e misericórdia sobre bons e maus. Não age assim para menosprezar os bons, mas com toda a esperança de que os maus se convertam e vivam a aventura de amar, como filhos e filhas do Deus do Amor. Aliás, Deus continua sempre o mesmo, isto é, Amor. Se ele não amasse, deixaria de ser Deus e seria como nós que ora amamos e ora odiamos.
Esse ensinamento visa que os homens e as mulheres recuperem a sua identidade filhos de Deus, perdida pelo pecado. Por isso, Jesus diz: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim vos tornareis filhos do vosso pai que está no céu”.



Pe. Arlindo Toneta – MI
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais – PR
padretoneta@yahoo.com.br



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A DECISÃO E SUA



A vida humana implica tomada de decisões. Nem sempre é fácil. Particularmente quando nos encontramos diante de várias alternativas. Saber tomar decisões boas é o grande objetivo da nossa vida humana.  Entendemos, porém, que as decisões boas, às vezes, não são as mais prazerosas. Muitas delas implicam renúncias e grandes sacrifícios.
Vivemos hoje numa nova época. Época essa em que as pessoas são educadas e formadas para o mais fácil, para o mais prazeroso, para a satisfação imediata.  Por conta disso muitas pessoas têm dificuldades de tomar decisões, sobretudo, quando implicam renuncias e sacrifícios. Alguns tentam abraçar tudo e não apertam nada. Outros tentam terceirizar as decisões, ou seja, deixar que os pais, o professor, o padre ou outra pessoa tome as decisões por eles. Os hedonistas escolhem apenas aquilo que lhe dá prazer imediato.
Normalmente as pessoas têm dificuldades para assumir a responsabilidade que envolve as decisões que tomam no seu dia a dia. Muitas vezes procuram culpados para justificar as escolhas mal sucedidas. Diante disso, a Palavra de Deus em Eclo 15,16-21 afirma que o homem é colocado diante de duas alternativas, isto é: “A vida e a morte, o bem e o mal. Ele receberá aquilo que preferir”.
Em primeiro lugar, notamos que o homem está diante de duas alternativas e não diante de diversas. Ele precisa decidir-se por uma delas, pois uma é contrária à outra. Nisto não existe margem para a dúvida. É preciso escolher uma delas e arcar com a responsabilidade da escolha. Segundo a Palavra de Deus, não é mais possível delegar a terceiros a tomada das nossas decisões e consequentemente a responsabilização dos mesmas pelos nossos fracassos.
Nós mesmos somos colocados diante da vida e da morte, do bem e do mal. Nós mesmos temos que escolher e nos responsabilizar pelas nossas escolhas. Dentro de cada ser humano existe o Espírito de Sabedoria, o espírito de Deus, que geme com gemidos inenarráveis, segundo São Paulo, apontando para as boas escolhas que podemos fazer. Inspira-nos a escolher o bem, a vida e a felicidade e nunca o egoísmo, o mal, a infelicidade e a morte.
Um casal me procurou para falar comigo alegando dificuldades no seu relacionamento. Procurei acolhê-lo com carinho e decisão firme de ouvi-lo para poder entendê-lo. Ambos disseram-me que estavam juntos há oito anos e tinham um filho de três anos. No ano de 2013 começaram a brigar e a brigar. Um belo dia a mulher comunicou ao marido que iria sair de casa como de fato o fez. Foi morar com outro homem amigo de infância. Na convivência se deu conta que aquela escolha não foi a melhor, pois a felicidade que tanto almejava estava bem longe. Entendeu que foi uma escolha egoísta e não uma boa escolha, conduzida pelo Espírito Santo. Assumiu o seu fracasso e voltou ao marido para reconciliar-se.
Nessas alturas eu imagino os meus leitores. Muitos com as mãos cheias de pedras para arremessar contra a traidora para acabar de matá-la (Jo 8,1-11). Outros com o coração fechado dizendo: “Você teve a sua oportunidade. Agora siga o seu caminho, pois não a queremos mais”.
Vejamos, porém, o marido dessa jovem senhora. Ele permaneceu fiel. Como o Pai do Filho Pródigo permaneceu à espera da sua amada. Permaneceu com o coração cheio de amor misericordioso. Procurou ver a rosa e não apenas os espinhos.  Por isso, quando ela chegou de volta não a condenou, mas a acolheu, a perdoou e a conduziu à sua cama nupcial. Logo que pode a conduziu ao Sacerdote para juntos receberem o sacramento da reconciliação e a bênção da casa. Que escolha maravilhosa foi a do marido que possibilitou o bem, a vida, e a felicidade! Que escolha maravilhosa foi a última dessa mulher que possibilitou a reconciliação, a alegria e a vida daquela família!
Queridos leitores! O Espírito de Deus está dentro de nós todos. Ele nos coloca diante do trabalho e da preguiça, do bem e do mal, da vida e da morte, da felicidade e da infelicidade, do perdão e da condenação, do pensar bem e pensar mal. O Espírito Santo fará tudo para nos conduzir no caminho da vida e da felicidade, mas não poderá escolher por nós. Jesus já garantiu a nossa vida e felicidade. Portanto, viver ou morrer, ser feliz ou infeliz depende da cada um de nós e não da sorte ou do azar, como muitos pensam.




Pe. Arlindo Toneta – MI
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais – PR
padretoneta@yahoo.com.br

Refl. Ev. 1236 (Mc 8,14-21) 18/02/14


Cuidado com o tipo de fermento que compramos.

Os discípulos se esqueceram de levar pães. Tinham consigo na barca apenas um pão. Percebendo, Jesus perguntou-lhes: “Por que discutis sobre o fato de não terdes pães? Ainda não entendeis, nem compreendeis? Vosso coração continua endurecido? Tendo olhos, não enxergais, e tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais? Quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas, quantos cestos recolhestes, cheios de pedaços?” – “Doze”, responderam eles. “E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos recolhestes, cheios de pedaços?” – “Sete”, responderam. Jesus então lhes disse: “E ainda não entendeis?” (Mc 8,14-21).

O Fermento e a Padaria de Deus

Diante dos discípulos que esqueceram de levar pão, Jesus aproveita a oportunidade para falar um pouco da questão do fermento. Não do fermento com o qual se leveda o pão, como os discípulos estão pensando. Ele habilmente usa as questões humanas e estomacais para ensinar sobre as necessidades fundamentais da vida cristã (cf Mc 8,14-21).
No meio das discussões dos discípulos a respeito dos pães que esqueceram, Jesus se apresenta de alguma forma, como o verdadeiro pão descido do céu. Ele é o pão verdadeiro, cheio do fermento do Amor, que está no meio deles, que está no barco com eles para nutri-los na sua fome mais profunda, mas que eles ainda não perceberam com nitidez, apesar de todos os milagres já realizados diante dos seus olhos viciados no superficial.  
Quantos católicos, em nossos dias, entram em desespero e fortes discussões diante da diminuição do pão material, da mesma forma como ocorreu com os discípulos de Jesus! Não se dão conta do verdadeiro pão que desceu do Céu que está sempre com eles, particularmente nos momentos de crise e escassez do pão material. Estão com o estômago dilatado, para o pão material, e o coração apertado para o pão espiritual.
Não compreendem ainda a provação, mencionada na primeira leitura de hoje, tirada da carta de Tiago, onde se diz: “Feliz o homem que suporta a provação. Porque uma vez provado receberá a coroa da vida” (Tg 1,12). Como precisamos crescer na fé para encarar assim as dificuldades e provações! Oxalá que neste ano de 2014 façamos passas significativos nessa direção!
Jesus aproveita ainda para ensinar os seus a respeito do fermento de Herodes e dos fariseus. Fermento cheio de maldade, de ganância e hipocrisia. Quantos discípulos de Jesus estavam cheios desse fermento e do pão que resulta dele. Por conta disso, muitos discípulos tinham dificuldades de ver a novidade trazida por Jesus. Estavam viciados com aquele fermento e aquele pão estragado da hipocrisia, da ganância, da maldade, da disputa dos primeiros lugares, etc.
Por isso, Ele os adverte desse fermento estragado e do pão da hipocrisia e da ganância. Creio que Jesus continua advertindo, em nossos dias, a muitos de nós que frequentemente caímos na tentação de comprar o fermento e o pão dos fariseus e herodes dos nossos dias.
Quantos católicos continuam nutrindo-se generosamente com esse pão estragado e nutrem-se com muita tacanhice com o pão do Céu, que está sempre conosco! Quantos pais e professores continuam vendendo aos filhos e alunos esse perigoso fermento! As suas mentes e corações são fermentados com as ideias do egoísmo, da maldade, do levar vantagens sobre os outros, do passar os outros para trás, do eliminar os inimigos, do excluir os pobres, etc. Quantas padaria e lojas vendem esse fermento e esse pão que corrompe e estraga a juventude e a sociedade brasileira!
Por conta disso, somos uma sociedade enfraquecida, uma Igreja sem ânimo e vibração. Temos casais, jovens e padres mornos e não animados e aquecidos pelo fermento e pão do Céu, que são Jesus e o seu Evangelho.  Sinais disso emergem sempre que dizemos não a Deus e ao seu projeto de amor e bondade. Sempre que optamos pelo comodismo em detrimento do serviço amoroso aos demais.
Por outro lado, anima-nos muito os sinais positivos. Quantos católicos e sacerdotes! Quantos jovens e professores que generosamente dizem sim a Deus a exemplo de Maria e dos Santos! Compram o bom fermento e o pão saboroso para nutrir os seus com generosidade! Louvado seja Deus!
Um exemplo bonito disso foi o nosso retiro de Jovens desse fim de semana. Cinquenta jovens animados por uma porção de casais e jovens disseram sim a Deus. Aceitaram o convite dEle e por três dias estiveram ouvindo e acolhendo o fermento de Jesus a fim de poderem alimentar-se melhor do verdadeiro pão do Deus, que é Jesus. Parabéns queridos jovens e queridos casais!




Pe. Arlindo Toneta – Pároco –
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR


Refl. Ev. 1235 (Mc 7,31-37) 14/02/14


Abre-te!

Jesus saiu da região que fica perto da cidade de Tiro, passou por Sidom e pela região das Dez Cidades e chegou ao lago da Galileia. Algumas pessoas trouxeram um homem que era surdo e quase não podia falar e pediram a Jesus que pusesse a mão sobre ele. Jesus o tirou do meio da multidão e pôs os dedos nos ouvidos dele. Em seguida cuspiu e colocou um pouco da saliva na língua do homem. Depois olhou para o céu, deu um suspiro profundo e disse ao homem: "Efatá!" (Isto quer dizer: "Abra-se!") E naquele momento os ouvidos do homem se abriram, a sua língua se soltou, e ele começou a falar sem dificuldade. Jesus ordenou a todos que não contassem para ninguém o que tinha acontecido; porém, quanto mais ele ordenava, mais eles falavam do que havia acontecido. E todas as pessoas que o ouviam ficavam muito admiradas e diziam: Tudo o que faz ele faz bem; ele até mesmo faz com que os surdos ouçam e os mudos falem!(Mc 7,31-37).

E sabido que quem não ouve não consegue falar e quem ouve mal tem dificuldade de se expressar oralmente, pois a linguagem falada entra pelos ouvidos. Claro que existem outras formas de comunicação que entram pelos outros sentidos, mas a comunicação verbal requer os ouvidos abertos para gravar os sons no cérebro a fim de posteriormente emiti-los pela boca.
Olhemos para a cena do Evangelho onde Jesus apanha a pessoa e a chama para abrir-se. Abrir-se para que e para quem? Conhecemos os surdos que são incapazes de ouvir os sons orais e consequentemente não conseguem falar. Conhecemos os surdos para as orientações dos pais. Conhecemos também os surdos para Deus e para o bem e consequentemente não conseguem falar sobre isso. Falam muito sobre uma série de coisas, novelas, pessoas, negócios, mas são surdos para Deus e para o seu Evangelho.
Jesus está tocando o surdo a fim de que ele o experimente, o siga e possa falar aos demais sobre essa experiência de amor gratuito, que é o coração do Evangelho. Jesus o convida a abrir-se para Ele e à sua Palavra a fim de torná-lo um discípulo missionário dele.
Quantos homens e mulheres surdos para Deus! Quantos jovens que não ouvem Jesus e a sua Palavra e consequentemente são mudos. Dizem-se católicos, mas não falam ou se comunicam muito mal sobre esse quesito.  Não falam a verdade que conduz à vida. Jesus está convidando a todos os surdinhos e surdinhas a abrir-se para Ele e para a sua Palavra a fim de serem comunicadores da sua verdade que conduz à vida.


 


Pe. Arlindo Toneta – Pároco – 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR



Refl. Ev. 1234 (Mc 4,35-41) 01/02/14


Deixar Jesus dormindo não é uma boa ideia.

Jesus disse aos discípulos: “Passemos para a outra margem!” [...]. Veio, então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam dentro do barco; e este se enchia de água. Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos disseram-lhe: “Mestre, não te importa que estejamos perecendo?” Ele se levantou e repreendeu o vento e o mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento parou, e fez-se uma grande calmaria. Jesus disse-lhes então: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Eles sentiram grande temor e comentavam uns com os outros: “Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?” (Mc 4,35-41).

Eu me lembro do barco que navegava no Rio Madeira e nós estávamos a bordo com toda a segurança porque um piloteiro experiente conduzia o mesmo por horas a fio até chegarmos ao destino. Quando as dificuldades e tempestades surgiam ele sabia perfeitamente o que devia fazer e como devia agir naquela situação.
Imaginemos se eu com nenhuma experiência assumisse a condução daquele barco! Diante de alguma dificuldade não saberia o que fazer e colocaria em risco toda a tripulação e a missão podia não acontecer.
Olhando para muitos católicos batizados vemos muitos deles que acolheram Jesus, o piloto por excelência, no seu barco, no dia do seu batismo ou da primeira eucaristia,  mas a maior parte da vida o deixam dormindo em algum contão dos seus neurônios. Procuram acordá-lo apenas nos momentos difíceis da vida e exigem que os socorram. Jesus aparece como pronto socorro e não como piloto do barco da vida dos cristãos. Por conta disso nos metemos no meio de vendavais e tempestades perigosas.
A grande ideia que surge do texto é confiar a direção do nosso barco aos cuidados de Jesus. Confiar a direção da nossa vida o tempo todo e não apenas nos momentos duros e difíceis. Claro que essa confiança implica a humildade de navegar por caminhos bem diferentes dos que a nossa estreita visão humana escolheria. Temos que confiar a condução da nossa vida a Deus, pois ele sabe o que é melhor para nós,  da mesma forma que a criança confia cegamente na sua mãe, que busca o melhor para ela.
Um abraço a você que confia a direção da sua bicicleta nas mãos de Deus em todos os momentos da sua vida.





Pe. Arlindo Toneta – Pároco – 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR




Refl. Ev. 1233 (Mc 4,26-34) 31/01/14


A força da semente do bem e do mal.

Jesus dizia-lhes: “O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. [...] Ora, logo que o fruto está maduro, mete-se a foice, pois o tempo da colheita chegou”. Jesus dizia-lhes: “Com que ainda podemos comparar o Reino de Deus? Com que parábola podemos apresentá-lo? É como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce e se torna maior que todas as outras hortaliças, com ramos grandes a tal ponto que os pássaros do céu podem fazer seus ninhos em sua sombra”. Jesus lhes anunciava a palavra usando muitas parábolas como estas, de acordo com o que podiam compreender... (Mc 4,26-34).

A Liturgia da Palavra de hoje nos coloca diante dessas duas forças que habitam em nós. O bem e o mal. Dependendo daquele que estimulamos ele vai crescendo numa corrente pra frente. Observem o que aconteceu com Davi na primeira leitura. Ele abriu-se para o pecado. Uma vez aberto para ele surgiu uma corrente interminável de pecados. Ele culminou com o assassinato do seu general pensando na possibilidade de ocultar o seu pecado. Com isso o Reino do Inferno se abateu sobre ele e sobre o seu País. Quantas desgraças por conta de um único pecado que acabou puxando uma fila de desordens e maldades!
Por outro lado, no Evangelho Jesus nos apresenta o Reino do Céu que começa com uma pequena semente, com um pequeno gesto de amor e bondade. Silenciosamente esse pequeno gesto vai crescendo e tornando-se uma corrente de bem e bondade que faz bem à criação toda. Ele pode começar com um bom dia ou com um abraço. Pode começar com um sorriso ou um aperto de mão. Pode começar com uma palavra de amor e perdão. Uma vez lançada a semente ela vai crescendo numa corrente de bem e bondade que ultrapassa a nossa pobre contabilidade. O bem tem força de crescimento e multiplicação.
Sendo assim, meu querido leitor ou leitora, depende de você dar início à corrente do bem ou à corrente do mal. Depende de você plantar o inferno ou o paraíso.
Um abraço a todos vocês que decidiram lançar a semente do bem no coração dos demais irmãos, mesmo que pareça muito pequena.





Pe. Arlindo - Pároro –
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR


Refl. Ev. 1232 (Mc 4,21-25) 30/01/14


A luz tem a função de iluminar.


Jesus dizia-lhes: “Será que a lâmpada vem para ficar debaixo de uma caixa ou debaixo da cama? Pelo contrário, não é ela posta no candelabro? De fato, nada há de escondido que não venha a ser descoberto; e nada acontece em segredo que não venha a se tornar público. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” Jesus dizia-lhes: “Considerai bem o que ouvis! A medida que usardes para os outros, servirá também para vós, e vos será acrescentado ainda mais. A quem tem, será dado; e a quem não tem, será tirado até o que tem” (M 4,21-25).


Qualquer pessoa, que pensa um pouco, entende que uma lâmpada possui a função específica, sem margem de duvida. Ela foi inventada por Tomas Edson com a função de iluminar e, consequentemente, não se acende para escondê-la debaixo de um caixote. Claro que ela pode também aquecer o ambiente, mas o texto do Evangelho não fala disso, por isso deixemos quieta essa possível função.
Jesus se vale dessa realidade humana para ensinar que Ele é a nova luz que veio ao mundo para iluminar os passos dos homens e das mulheres. Ele é a realização do Salmo 119,105 onde o salmista afirma: “Vossa palavra é uma luz para os meus passos e uma lâmpada luzente em meu caminho”. Quem o acolhe e por Ele se deixa iluminar não anda nas trevas do erro e do egoísmo.
Jesus, como lâmpada, não se oculta com medo dos judeus que o ameaçavam, mas corajosamente vai iluminando com a sua pessoa e com a sua Palavra e revelando a sua bondade e ao mesmo tempo a cegueira, o pecado do homem. Afirma que nessa luz nada fica oculto, mas tudo é iluminado e, consequentemente, a sua bondade ou maldade fica conhecida. Diante dessa luz fica, portanto, o desafio da nossa constante conversão para Ele e a sua Palavra, pois nós somos pecadores.
Nós fomos batizados nessa Luz e, portanto, também somos chamados a irradiar a sua luz no mundo de hoje. Se existem muitas trevas, erros, maldades em nossos dias, significa que os cristãos estão embaixo dos seus caixotes, quem sabe com medo, e esqueceram que possuem a vocação cristã de repassar a luz de Cristo aos filhos, aos colegas, aos alunos, enfim a todos os demais irmãos, pois essa é a vontade de Deus.
Na última parte do texto de hoje, Jesus afirma que a medida que usamos para tratar e os outros será a medida com que seremos tratados. Está dizendo que a terceira lei de Newton funciona mesmo. Na medida em que tratamos os outros com misericórdia seremos tratados com misericórdia. Se os tratarmos com dureza e aspereza, estamos preparando o terreno para sermos tratados assim também. Se formos tacanhos no dar os outros tendem fazer o mesmo conosco. Se usarmos pouco os nossos talentos em favor dos outros, aos poucos, esses acabarão embotando e se perdendo, com grande prejuízo para nós e para a comunidade.
Entendo que todos nós queremos o melhor para nós, nesta vida e na outra. Portanto, importa sermos generosos na acolhida, na escuta dos outros, no perdão, nos sorrisos, na bondade, na partilha, na ajuda e em toda sorte de boas ações.





Pe. Arlindo Toneta – Pároco –

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR 

Refl. Ev. 1231 (Mc 3,31-35) 28/01/14


A nova família de Jesus.




Nisso chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Ao seu redor estava sentada muita gente. Disseram-lhe: "Tua mãe e teus irmãos e irmãs estão lá fora e te procuram". Ele respondeu: "Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?" E passando o olhar sobre os que estavam sentados ao seu redor, disse: "Eis minha mãe e meus irmãos! Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe" (Mc 3,31-35). 



Sem desprezo ou negação da família de sangue, Jesus vai apontando a direção para a constituição da sua nova família, isto é, os que acolhem a Ele e a sua Palavra e procuram viver do jeito que Ele vivia. Certamente é algo chocante para os que estão longe de Jesus, mas para aqueles que gravitam no seu entorno tudo isso faz sentido e o que é melhor, dá um novo sentido à vida.
Queridos irmãos e irmãs! Num período de crise familiar onde os casais têm dificuldade de viver juntos e os pais se deparam com enormes barreiras na educação dos seus filhos, eis aí a possibilidade de constituir uma nova e santa família. Uma família onde os laços que unem, mais do que sanguíneos, são espirituais.
Para a Igreja de Jesus, isto é, a sua família, não importa muito como você viveu até hoje. Importa sim como você vai viver de hoje em diante. Jesus está disposto a acolher-te na sua família e nós também. Se você tomar uma profunda decisão de acolher Jesus e viver a sua Palavra, de agora em diante, você pertencerá à sua família como irmão, como irmã ou como mãe de Jesus.
Na nova família eclesial as pessoas não serão mais possessão dos pais, mas serão todos irmãos e irmãs e mães de Jesus. Nessa família o único Senhor, isto é, dono, será Jesus e todos nós seremos irmãos e mães. O maior será aquele que serve mais e não necessariamente aquele que manda.
Se a tua família de sangue é boa ou um amontoado de desentendimentos e confusões eu não sei. O que eu sei é que de hoje em diante você pode integrar à família de Jesus e tornar-te mãe, irmão e irmã dEle. Como membros dessa família, carregamos ainda a nossa humanidade falha e pecadora, mas estamos acompanhados do Santo dos Santos que a todos deseja e pode santificar.
O que mais importa meu irmão e irmã pecadores é a nossa decisão firme e consciente de acolher e viver a cada dia a Jesus e a sua Palavra santificadora. Uma vez que decidimos assim toda a nossa vida toma um novo significado e as nossas relações serão amorosas, libertadoras e não mais opressoras. Inclusive a nossa família humana poderá ser restaurada.





Pe. ArlindoToneta – Pároco –
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR


Refl. Ev. 1230 (Mc 3,22-30) 27/01/14


A blasfêmia contra o Espírito Santo não é perdoada.

Os escribas vindos de Jerusalém diziam que ele estava possuído por Beelzebu e expulsava os demônios pelo poder do chefe dos demônios. Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como pode Satanás expulsar Satanás? [...] Em verdade, vos digo: tudo será perdoado às pessoas, tanto os pecados como as blasfêmias que tiverem proferido. Aquele, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será réu de um ‘pecado eterno’”. Isso, porque diziam: “Ele tem um espírito impuro” (Mc 3,22-30).

A blasfêmia contra o Espírito Santo fecha a pessoa e impede a mesma de ter acesso à Graça de Deus, que cura e santifica. A blasfêmia não é algum palavrão, como muitos imaginam, mas uma atitude de fechamento para o amor misericordioso de Deus.  A pessoa não aceita a bondade de Deus, que perdoa sempre. A pessoa não acredita na bondade de Deus e acredita fortemente na sua ruindade. Por isso, se obstina no mal e vai envelhecendo nele. A pessoa livremente rejeita a Deus e obstina-se no mal.
Entre nós pode ocorrer coisas desse tipo. O Espírito Santo revela à pessoa que ela está errada procedendo daquela maneira, por exemplo: bebendo em excesso, mas para não perder o seu topete ou falsa razão, ela continua rejeitando a verdade que Deus revela através da outra pessoa. Ela se obstina no erro, apesar do Espírito de Deus mostrar-lhe que aquele modo de pensar e agir leva à morte.
Quantos pecados se cometem contra o Espírito Santo! Muitas pessoas sentem a voz do Espírito de Deus, que como costumo dizer é nosso motorista particular, mas conscientemente rejeitam a sua orientação.  Trata-se, por isso, de pecados contra o Espírito Santo. Por exemplo: Pessoas que sentem o chamado de Deus para fazer algo em favor de um doente, mas por medo ou para não se comprometer com o mesmo, sai de perto e finge não ter ouvido o chamado. Outros que são chamados para assumir um serviço na comunidade e por preguiça ou comodismo fecham o ouvido e se fazem de surdos. Um terceiro exemplo: Os pregadores que sentem o apelo do Espírito para preparar bem as suas homilias, mas fingem-se de surdos e pregam mal em prejuízo da comunidade. Todos esses são pecados contra o Espírito Santo, mas que não levam à morte.
É verdade, que por si esses pecados não levam à morte, pois a pessoa pode arrepender-se e mudar de atitude. O problema está na insistente resistência ao E. Santo de forma que pode levar à obstinação contra Deus e à sua misericórdia, ou seja, à blasfêmia. Diante disso, queridos irmãos e irmãs, importa dar-nos conta das nossas pequenas resistências a Deus e perseverar na oração para superá-las, estreitando assim o nosso vinculo amoroso com Deus.
Um abraço fraterno a você que procura diariamente meditar a Palavra de Deus e assim, crescer sempre mais na fé em Jesus Misericordioso, que nunca se cansa de perdoar os seus irmãos e suas irmãs.





Pe. Arlindo Toneta – Pároco –

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR

Refl. Ev. 1229 (Mc 3,13-19) 24/01/14


Jesus chamou os que ele quis.

Jesus subiu um monte, chamou os que ele quis, e eles foram para perto dele. Então escolheu doze homens para ficarem com ele e serem enviados para anunciar o evangelho. A esses doze ele chamou de apóstolos. Eles receberam autoridade para expulsar demônios. Os doze foram estes: Simão, a quem Jesus deu o nome de Pedro; Tiago e João, filhos de Zebedeu (a estes ele deu o nome de Boanerges, que quer dizer "Filhos do Trovão"); André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o nacionalista; e Judas Iscariotes, que traiu Jesus (Mc 3,13-19).

Jesus na montanha chamou os que ele quis. Quer dizer que Jesus na intimidade com Deus Pai chamou pessoas para acompanhá-lo mais de perto a fim de prepará-las para a missão de expulsar o mal. Chamou 12 para dizer que o projeto de Deus é o de expulsar o mal de todo o povo de Israel e de todo o mundo. Além disso, ele chamou pelo nome para dizer da missão particular de cada um dos chamados.
Trazendo para a cozinha essa palavra entendemos que Jesus chama apóstolos para estar mais próximo dele e continua a chamar em todos os tempos. Continua a chamar gente para uma dedicação exclusiva para essa missão de expulsar o mal do coração do homem e da mulher.
Olhando para o mundo de hoje vemos o mal tomando conta de muitas famílias, de muitos jovens e fazendo verdadeiros estragos através da mídia. Isto revela que os chamados para a missão de expulsar o mal estão um tanto acomodados ou caindo na tentação do mundão. Precisamos de um novo ardor apostólico à semelhança dos primeiros apóstolos, após a vinda do Espírito Santo.
O chamado é pessoal, para dizer que se o chamado não realiza a missão fica uma lacuna na Igreja de Jesus. Se por um lado entende-se que é um privilégio ser apóstolo, por outro, não deixa de ser uma responsabilidade enorme confiada a ele. Precisamos, portanto, rezar muito pelos novos apóstolos que Jesus fielmente continua a chamar em nossos dias.
O mal tem feito muito ruído na área da comunicação com Deus. Muitos jovens, que certamente Jesus chama não estão conseguindo ouvir bem o chamado dele, por conta do barulho e dos apelos do mundão. Para complicar mais um pouquinho, muitos pais abdicaram da missão de ajudar os filhos a ouvir a voz de Deus, como fez Eli com o menino Samuel.
Que o Senhor nos dê a graça de ajudar os jovens e os adultos a ouvir o chamado de Deus que continua a chamar quem ele quer para estar mais perto dele e para envia-los a expulsar o mal dos corações!





Pe. Arlindo Toneta – Pároco – 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR

Refl. Ev. 1228 (Mc 2,1-12) 17/01/14


Deus cura o homem todo.

Jesus passou novamente por Cafarnaum, e espalhou-se a notícia de que ele estava em casa. Ajuntou-se tanta gente que já não havia mais lugar. Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. Como não conseguiam apresentá-lo a ele, por causa da multidão, abriram o teto, bem em cima do lugar onde ele estava e, pelo buraco, desceram a maca. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados são perdoados”. [...] O paralítico se levantou e, à vista de todos, saiu carregando a maca. Todos ficaram admirados e louvavam a Deus dizendo: “Nunca vimos coisa igual!” (Mc 2,1-12).

Deus realmente não se cansa de perdoar. Perdoa mil vezes se necessário. Perdoa por causa da fé da pessoa. Perdoa por conta da fé dos outros, conforme o evangelho de hoje. Perdoa por causa da caridade para com os pais e outras pessoas, conforme o livro do Eclesiástico. Enfim, Ele nunca se cansa de perdoar.
Pelo batismo nós fomos adotados como filhos e filhas de Deus. Ele nos chama a viver os seus valores, isto é, a perdoar sempre a amigos e, sobretudo, a inimigos. Ele nos capacita a perdoar também. O exercício do perdão mútuo mostra que nós somos filhos e filhas de Deus.
Portanto, queridos irmãos, não é somente Deus que perdoa, mas os filhos e filhas de Deus perdoam também. O perdão devolve a paz ao coração e nas relações familiares e eclesiais.
Vivenciando a página do Evangelho de hoje importa fixar o nosso olhar nos quatro homens que levaram o doente até Jesus com grande esforço e determinação. Com muita fé em Jesus, não desanimaram por conta das dificuldades que surgiram. Foram criativos e alcançaram o objetivo, isto é, a cura global do enfermo. 
Diante dos nossos irmãos e irmãs enfermos no corpo e na alma precisamos todos nós batizados,  esforçar-nos para conduzi-los até Jesus. Nós que fomos mergulhados no amor de Deus e que conhecemos o poder libertador do seu amor, somos convidados a envidar esforços para conduzir os nossos doentes do corpo e da alma até Jesus. Dessa forma a nossa comunidade eclesial será missionaria e aos poucos fermentará toda a massa humana com o fermento do amor.



Pe. Arlindo Toneta - Pároco –

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança - Pinhais - PR

Refl. Ev. 1227 (Mc 1,40-45) 16/01/14


Jesus toca e vivifica.


Um leproso aproximou-se de Jesus e, de joelhos, suplicava-lhe: "Se queres, tens o poder de purificar-me!" Jesus encheu-se de compaixão, e estendendo a mão sobre ele, o tocou, dizendo: "Eu quero, fica purificado". Imediatamente a lepra desapareceu, e ele ficou purificado. Jesus, com severidade, despediu-o e recomendou-lhe: "Não contes nada a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta, por tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho". Ele, porém, assim que partiu, começou a proclamar e a divulgar muito este acontecimento, de modo que Jesus já não podia entrar, publicamente, na cidade. Ele ficava fora, em lugares desertos, mas de toda parte vinham a ele (Mc 1,40-45).

Diante das pessoas que possuem doenças e febres que as impedem de conviver com alegria e servir a sua comunidade, Jesus aparece para libertar. Como liberta? Liberta com o seu modo de olhar, de acolher, de falar e de tocar as pessoas.
Observemos o caso do leproso, que legalmente não podia ter contato com pessoas saudáveis e consequentemente era excluído da comunidade eclesial e familiar. Normalmente se um homem saudável se aproximasse de um leproso, o doente devia gritar: impuro, impuro para desencorajar a aproximação. Ao contrário, se um leproso buscasse aproximar-se de uma pessoa sem lepra, esta última podia arremessar pedras contra o primeiro.
Diante desse quadro observemos a atitude do leproso e a de Jesus. O doente não tem medo de aproximar-se de Jesus e este não o rejeita como normalmente acontecia. Algo novo está aparecendo. A boa notícia, o Evangelho está próximo dos enfermos. Estes sentem essa bondade viva e próxima deles. Sentem-se aceitos por Jesus e acolhidos como filhos de Deus e não mais rejeitados como problemas ou perigos. Além disso, sentem um homem que quer curá-los de todos os seus males a fim de que possam viver em comunidade conforme a vocação fundamental de todo o ser humano.
Queridos irmãos e irmãs leitores! Diante do nosso mestre Jesus, como cristão, batizados, isto é, introduzidos na sua família, cabe perguntar-nos que tipo de relacionamentos nós estabelecemos com os nossos irmãos e irmãs. Jesus se relacionava para libertar as pessoas e habilitá-las para assumir a sua vocação. Nós, irmãos de Jesus, nos relacionamos com os outros para libertá-los ou para aprisiona-los? Quantos católicos, batizados que rejeitam irmãos e irmãs por conta das suas doenças e fraquezas! Por outro lado, quantos que se vinculam aos outros para tomar posse dos mesmos, para manipulá-los, para escravizá-los, para vendê-los, para explorá-los, para torná-los eternos dependentes e não para libertá-los!
Diante dessa realidade, Jesus está ensinando a todos nós um jeito novo de relacionar-nos com os demais irmãos e irmãs, mesmo quando doentes ou cheios de pecados. Os que assumem o seu batismo não mais rechaçam os leprosos, os doentes ou os pecadores. Pelo contrário, os acolhem e procuram ajudá-los a conquistar a liberdade. Os verdadeiros cristãos não mais se ligam aos outros para explorá-los ou torná-los eternos dependentes. Relacionam-se com todos de forma respeitosa, amorosa e libertadora a fim de que cada um assuma a sua missão na comunidade a serviço do bem comum.





Pe. Arlindo Toneta – Pároco –

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR 

Refl. Ev. 1226 (Mc 1,29-39) 15/01/14


Jesus vai expulsando o mal da família.

Logo que saíram da sinagoga, foram com Tiago e João para a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama, com febre, e logo falaram dela a Jesus. Ele aproximou-se e, tomando-a pela mão, levantou-a; a febre a deixou, e ela se pôs a servi-los. Ao anoitecer, depois do pôr do sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que tinham demônios. A cidade inteira se ajuntou à porta da casa. Ele curou muitos que sofriam de diversas enfermidades; expulsou também muitos demônios, e não lhes permitia falar, porque sabiam quem ele era. De madrugada, quando ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá, ele orava. Simão e os que estavam com ele se puseram a procurá-lo. E quando o encontraram, disseram-lhe: "Todos te procuram". Jesus respondeu: "Vamos a outros lugares, nas aldeias da redondeza, a fim de que, lá também, eu proclame a Boa-Nova. Pois foi para isso que eu saí". E foi proclamando nas sinagogas por toda a Galileia, e expulsava os demônios (Mc 1,29-39).
Jesus continua a sua missão de expulsar o mal e plantar o amor serviçal. Com isso vai devolvendo às pessoas e às comunidades paroquial e familiar a capacidade de ensinar e servir coerentemente recuperando assim a autoridade.
No texto de hoje vemos Jesus saindo da sinagoga e indo à casa de Pedro. Jesus sai da Igreja e vai para a célula eclesial a fim de expulsar o mal e devolver a capacidade de servir a família. Deus quer que a família tenha saúde e vida em plenitude.
Quantas famílias, atualmente, que perderam a sua capacidade de amor serviço! Em muitas delas o egoísmo está solto e produzindo brigas, separações e outros desserviços que adoecem a família. Quantas depressões e mal estar vividos nas famílias por conta disso! Com isso, muitos membros delas preferem partir para a droga, para o bar e outros subterfúgios adoecendo essa instituição querida por Deus. 
Queridos irmãos e irmãs! Jesus não quer ficar escondido na Igreja instituição, mas quer entrar nas famílias. Não quer entrar nas famílias para bisbilhotar, julgar e condenar, mas para libertar os seus membros da doença que impede o serviço mutuo. Assim como na casa de Pedro, onde Jesus entra e é acolhido, ele devolve às pessoas a saúde que as capacitam para colocar-se a serviço. Em outras palavras, Ele tira a tristeza do egoísmo, que adoece a família, e devolve a ela a alegria de servir os seus membros.
Sendo assim, queridos leitores, abramos as portas ao Redentor para que entre nas nossas famílias a fim de que possa cear conosco e devolver-nos a alegria de ser família ajudando-nos uns aos outros.



Pe. Arlindo Toneta – Pároco –

Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR

Refl. Ev. 1225 (Mc 1,21-28) 14/01/14


Jesus ensinava com autoridade.

No sábado, Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. Todos ficaram admirados com seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas. Entre eles na sinagoga estava um homem com um espírito impuro; ele gritava: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? [...] Eu sei quem tu és: o Santo de Deus!” Jesus o repreendeu: “Cala-te, sai dele!” O espírito impuro sacudiu o homem com violência, deu um forte grito e saiu. [...] E sua fama se espalhou rapidamente por toda a região da Galileia (Mc 1,21-28).

Jesus num dia de sábado entrou na sinagoga. Isto revela que ele era um judeu autêntico no que diz respeito às práticas religiosas judaicas, que santificavam o sábado. Ele, porém, possuía algo mais do que os escribas e fariseus da sua época. Ele possuía a coerência de vida. Ele ensinava aquilo que vivia e vivia aquilo que ensinava. Não era como os escribas e fariseus que ensinavam bonito, mas na calada da noite faziam um monte de coisas erradas, perdendo, consequentemente, a sua credibilidade diante do povo. Por isso, numa passagem do evangelho, Jesus chamou-os de sepulcros caiados, isto é, belos por fora, mas cheios de podridão por dentro.
Na igreja dos judeus, sinagoga, onde Jesus estava ensinando apareceu um homem com um espírito impuro e Jesus expulsa esse espírito que torna o homem sujo, podre e fraco. Que espírito seria esse? Certamente é o espírito da incoerência que habitava o coração de muitos escribas e fariseus. Ele veio para expulsar esses espíritos que levam os pregadores a não terem autoridade perante aqueles que pretendem evangelizar.
Queridos irmãos! Essa incoerência é um demônio muito presente na vida dos nossos pregadores, pois pregam uma coisa e vivem outra. Esse farisaísmo está presente na vida de muitos padres, religiosos, catequistas, pais e professores. Por conta disso, a sua autoridade está muito fraca ou ausente. Cientes disso, muitos abandonam o ministério de ensinar. Pais que abandonam os filhos à sua própria sorte, professores que abandonam o magistério, padres que abandonam a sua Igreja, religiosos que partem para outras funções. Certamente o caminho do evangelho não é esse. Essa é uma fuga do evangelho. Qual é o caminho então?
Querido irmão (ã), essa passagem do Evangelho, diz respeito à nossa vida de cristãos. O Evangelho é vivo e quer vivificar a nossa vida e não apenas a vida do povo judeu do tempo de Jesus. Jesus quer entrar nas nossas Igrejas e expulsar os espíritos maus que dificultam a Nova Evangelização. Jesus quer entrar no coração dos padres, dos pais e de todos os possuem a missão de ensinar para expulsar o espírito da incoerência e devolver-lhe a coerência e a alegria de evangelizar a todos os que lhe são confiados. Portanto, a solução passa pela conversão do coração e acolhida de Jesus. Com a sua presença seremos purificados e a nossa autoridade crescerá, favorecendo, dessa maneira, a Nova Evangelização.




Pe. Arlindo Toneta – Pároco – 
Paróquia N. Sra. da Boa Esperança – Pinhais - PR